Ciência

Lixo nuclear da Guerra Fria prestes a vazar para o Ártico

O mundo deve preparar-se para uma catástrofe nuclear. O lixo radioativo da base de Camp Century, na Gronelândia, está na iminência de vazar para o Ártico.

O acidente nuclear pode ocorrer daqui a 88 anos, caso se mantenha o atual ritmo de degelo no polo norte, ou demorar um pouco mais, mas “de certeza” que vai ocorrer, segundo alerta o climatologista James White.

“A questão pode ser se isto vai acontecer nas próximas centenas de anos, ou milhares, ou até dezenas de milhares. O preocupante é que vai mesmo acontecer e que as alterações climáticas têm sido um ‘pé no acelerador’ para que este desastre aconteça mais cedo do que esperávamos”, insistiu o investigador da Universidade do Colorado (EUA), em comunicado.

Base nuclear abandonada

Em 1959, com a Guerra Fria em curso, os EUA instalaram na Gronelândia mais uma das várias bases com mísseis apontados à União Soviética: o Camp Century.

Nesta base trabalharam entre 85 a 200 militares, que em 1962 concluíram com sucesso a montagem de um reator nuclear.

Depois, em 1967, o Camp Century foi abandonado. E todo o lixo – tóxico, radioativo, nuclear – ficou para sempre enterrado no gelo.

Para sempre? Não. O degelo do polo norte, acelerado pelas alterações climáticas, prepara-se para expor todo o lixo que os EUA deixaram para trás na Gronelândia, em pleno Ártico.

Essa decisão foi agora recordada num artigo sobre o degelo no Ártico estar a ocorrer mais rápido do que a média do resto do planeta, publicado na revista Geophysical Research Letters.

O mais irónico é que o Camp Century, uma ‘bomba nuclear’ prestes a rebentar, foi também uma base pioneira dos estudos climáticos.

Foi aqui que, em 1964, Willi Dansgaard fez as primeiras medições para medir a espessura do gelo, registando os primeiros dados para a análise dos efeitos do aquecimento global.

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