Cultura

Livro de Raposo gera um cante alentejano de protesto

A apresentação de ‘Alentejo prometido’, o novo livro de Henrique Raposo, ficou marcada pelo protesto dos Cantadores do Desassossego. O grupo de Beja usou o cante alentejano para protestar com uma obra que já era polémica nas redes sociais ainda antes de ser lançada.

Cultura, violência sexual, suicídio e cante alentejano. Os conceitos estiveram todos relacionados com o lançamento, ontem, de ‘Alentejo prometido’, o livro de Henrique Raposo que já era polémico ainda antes de chegar às livrarias.

O lançamento da obra, ontem realizado na Bertrand do Picoas Plaza (Lisboa), ficou marcado pela intervenção do Grupo Cantadores do Desassossego.

O coletivo de Beja usou o cante alentejano, entoando o clássico ‘Alentejo, terra sagrada’, para protestar contra a visão do Alentejo expressa na obra por Henrique Raposo.

Quando terminaram a intervenção, os cantadores saíram de livre vontade (escoltados por alguns polícias), satisfeitos por terem manifestado o desagrado para com o autor do livro.

“Ele não tem verdade naquilo que diz”, defendeu o porta-voz do grupo, Francisco Torrão: “Tivemos que manifestar a nossa oposição e viemos transmitir que o alentejano é um povo culto, porque a cultura não se cinge só a quem tem livros”.

No reatar da sessão, o jornalista Henrique Monteiro defendeu o colega: “Ele não ataca o Alentejo, a não ser na cabeça de alguns lunáticos. Por muito que queiram queimar o livro, a mim soou-me a um hino de amor pelo Alentejo”.

‘Alentejo prometido’, com chancela da Fundação Francisco Manuel dos Santos, retrata a região onde temas como a violência sexual e o suicídio, de acordo com o autor, são encarados como normais.

“O livro do Henrique é um livro a que não se pode responder porque é a história dele”, argumentou Pedro Mexia, consultor do Presidente empossado esta manhã, Marcelo Rebelo de Sousa, e que esteve presente no lançamento da obra: “É muito difícil discordar da biografia de alguém e dizer ‘eu não concordo com a tua vida’”.

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