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Lisboa: O haxixe é louro prensado e pode ser vendido por ‘traficantes’

Há cada vez mais pessoas, sobretudo turistas, a comprar louro prensado em plena baixa lisboeta, pensando estarem a arranjar haxixe. Como o produto não é estupefaciente, a posse e venda de louro não é crime, pelo que “não consubstancia uma prática criminal”. E os ‘traficantes’ “estão cada vez mais descarados”…

A PSP está a apreender cada vez mais produtos que são vendidos como haxixe, embora nem sequer sejam estupefacientes. É o caso do louro prensado, que está cada vez mais na moda…

“Uma parte dos produtos vendidos na baixa de Lisboa como sendo haxixe não é haxixe”, revelou uma fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, citada sem identificação pela Lusa.

O caso cada vez mais comum é o “louro prensado”, um produto que “não consubstancia uma prática criminal” e que, por esse motivo, “não permite uma atuação da PSP semelhante ao que acontece no tráfico de droga”.

Quem trabalha na baixa tem reparado num aumento dos ‘traficantes’, o que faz induzir que há cada vez mais pessoas (sobretudo turistas) burladas, comprando louro prensado a julgar que estão a arranjar haxixe.

Mesmo que um vendedor seja apanhado em flarante, a PSP não o pode deter: afinal, a posse e venda de louro prensado não é nenhum crime.

“É um problema que se arrasta há cerca de três, quatro anos”, revelam vários comerciantes (legais) da zona, citados sem identificação (por temerem represálias) pela Lusa.

Ainda segundo uma dessas fontes, os ‘traficantes’ do falso haxixe “estão cada vez mais descarados, seguem os turistas forçando-os a comprar o que dizem ser droga”.

A PSP reconhece que este ‘negócio’ faz aumentar o sentimento de insegurança, mas sublinhou, no comunicado enviado à agência, que não tem legitimidade para atuar porque as denúncias são raras: afinal, os clientes burlados não vão à esquadra relatar que tentaram comprar haxixe e foram enganados…

Contudo, a PSP reconheceu que ainda existem “algumas queixas, na sua grande maioria não por tráfico de estupefacientes, mas sim pela venda do louro prensado”.

Os comerciantes (legais) da baixa lisboeta concordam que o fenómeno cria “uma imagem negativa da cidade” junto dos turistas, “que prejudica o comércio local”, apelando a mudanças na lei que permitam à PSP atuar nestas situações.

São vários os lojistas que já viram os falsos traficantes a abordar pessoas para tentarem vender “uma bolota de haxixe”, cujo preço de 70 euros é regateável.

“O volume de tráfico de estupefacientes naquela zona não assume níveis anormais”, considerou o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, no mesmo documento enviado à Lusa.

Ficou, porém, o alerta: “O tráfico continuará e, numa zona de grande fluxo de turistas, esta atividade pode tornar-se mais rentável”.

No ano passado, a PSP registou 658 casos relacionados com tráfico de estupefacientes na zona da baixa de Lisboa, identificando 457 pessoas. Em 2013, foram contabilizados 1003, identificando 622 pessoas.

“Todos os autos integrados na venda ambulante são enviados para a ASAE”, explicou ainda o Comando Metropolitano.

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