Mundo

Lince-ibérico capturado em Barcelona vai ser libertado em Espanha ou em Portugal

O lince-ibérico ‘Lítio’, capturado na quarta-feira num campo de cerejeiras em Barcelona, encontra-se em bom estado de saúde e vai ser novamente libertado, ainda este mês, na região espanhola da Andaluzia ou em Portugal.

O lince macho, desaparecido de Portugal desde 2016, atravessou Espanha evitando autoestradas, estradas, rios e outros obstáculos para chegar á Catalunha, onde um exemplar da espécie não era visto desde o início do século XX, disse hoje Miguel Ángel Simón, gestor do projeto Life Iberlince.

Miguel Angél Simon explicou, em conferência de imprensa, que o animal, que pesa 14 quilos e ao qual foi retirado sangue para verificar o seu estado de saúde, aparentemente bom, foi integrado num novo habitat na área de Barcelona, refugiando-se nas florestas perto de Santa Coloma de Cervelló e saindo para se alimentar num campo próximo de cerejeiras, onde foram colocadas várias armadilhas, utilizando coelhos como chamariz.

Uma vez capturado, o ‘Lítio’ foi transferido na quarta-feira para o centro de animais Torreferrussa de Mogoda, em Barcelona, onde foi examinado por um veterinário especialista que avaliou a sua saúde.

O lince ibérico foi transferido para um centro de recuperação de animais em Granada, sul de Espanha, e posteriormente será liberado.

Relativamente ao percurso feito pelo lince após deixar Portugal, Miguel Angél Simón disse aguardar “os dados das coordenadas que se podem obter do GPS”, adiantando que “seria muito interessante descobrir zonas de conexão para uma possível reintrodução do lince”.

Tendo em conta a ausência de dados confirmados, Santiago Palazón, técnico do Serviço de Fauna e Flora da Generalitat (região autónoma) da Catalunha, explicou que o lince “poderia chegar a Santa Coloma de Cervelló das montanhas de Tortosa, em Tarragona, através das montanhas de Prades e do maciço de Garraf, e chegando a Baix Llobregat não poderia continuar devido à alta densidade e urbanização”.

Sobre a possibilidade da reintrodução do lince na Catalunha, o gestor do projeto explicou que as zonas de reintrodução “são estudadas em grande detalhe e devem atender a requisitos como uma área mínima de 25.000 hectares, para que possam viver numa colónia de 130 a 140 exemplares, com o objetivo de atender à variabilidade genética”.

“Há zonas de reintrodução menores, de cerca de 15.000 hectares, mas estas mantêm conexões muito boas com outras áreas de reintrodução”, acrescentou Miguel Ángel Simón.

“O Lítio é um lince viajante no sentido biológico”, explicou o gestor do projeto, que descreveu dois outros tipos de lince, os que “limitam a sua mobilidade a uma faixa de 30 a 40 quilómetros para localizar outros linces e outros mais exploradores, cuja mobilidade pode atingir raios de até 100 quilómetros”.

Em destaque

Subir