O Japão tinha uma lei que proibia a dança entre a meia-noite e a manhã, mesmo que fosse nas discotecas. A moldura legal, que vigorava desde o final da II Guerra Mundial, foi corrigida e os nipónicos vão poder dançar pela noite fora.
Em 1948, quando o Japão estava ocupado pelos EUA, devido ao final da II Guerra Mundial, foi aprovada uma lei para evitar a libertinagem dos jovens (quer os locais, quer os norte-americanos em serviço militar) e a prostituição (das mulheres locais por ‘pedido’ dos norte-americanos).
Assim, era proibido dançar após a meia-noite. Essa inibição vigorava até ao amanhecer, de forma a prevenir “uma atmosfera excessivamente hedonista”.
Mais de meio século depois, a lei foi corrigida.
As discotecas e os bares vão poder deixar as pistas abertas toda a noite, mas apenas mediante uma condição: a iluminação terá de ser equivalente à de uma sala de cinema no momento em que o público ainda se está a sentar.
Não há, porém, motivos para ir já dançar de contentamento: é que a nova lei só entrará em vigor daqui a um ano, em junho de 2016.
Embora vigorasse desde 1948, a lei deixou de ser cumprida escrupulosamente por volta dos anos 1960, quando o Japão foi palco de uma proliferação de clubes e discotecas.
Só que o assassinato de uma estudante de 22 anos numa boîte de Osaka, em 2010, fez ressurgir a questão.
As autoridades voltaram a apertar a repressão sobre quem queria dançar durante a noite, para desagrado da indústria musical, em particular, e de todo o setor artístico.
As críticas foram reforçadas com a candidatura (entretanto vencedora) de Tóquio à organização dos Jogos Olímpicos de 2020, dado o bruto fluxo turístico previsto para essa data.
O mais insólito ainda é que, desde 2012, a dança é uma disciplina escolar.
Curiosamente, um dos filmes mais mediáticos sobre o Japão na atualidade, ‘Lost in Translation’, contém uma cena em que os protagonistas (Bill Murray e Scarlett Johansson) vão a um clube noturno e percebe-se que há japoneses a dançarem.