Os nacionalistas flamengos venceram, na Bélgica, as eleições legislativas. O triunfo da Nova Aliança Flamenga levou o primeiro-ministro, o socialista Elio Di Rupo, a apresentar a demissão ao Rei. O país pode ficar sem Governo, à semelhança da grave crise ocorrida há quatro anos.
A Bélgica prepara-se para ficar sem Governo, à semelhança dos 541 dias que se seguiram às eleições de 2010, após o triunfo dos flamengos nas legislativas de ontem e a renúncia do primeiro-ministro.
O socialista Elio Di Rupo apresentou a demissão ao Rei, antecipando a grave crise política que se aproxima. É o que vai ocorrer “quando se põe a raposa a guardar o galinheiro”, como se referiu Rupo a Bart De Wever.
O líder da Nova Aliança Flamenga (N-VA), a força nacionalista que pretender ver a Flandres como um estado independente no seio da União Europeia, foi o grande vencedor das legislativas de ontem, dia em que os belgas também votaram para o Parlamento Europeu.
O problema é que a N-VA, que na Flandres (região que concentra mais de 60 por cento dos habitantes da Bélgica) chegou aos 30 por cento dos votos, cresceu muito à custa do Vlaams Belang (extrema-direita), o que tornou esta força irrelevante para “uma coligação forte” de Governo, como pretende Wever.
A N-VA, que deverá registar entre os 32 e os 34 por cento, não deverá conseguir coligar-se nem com os socialistas, nem com os democratas-cristãos do CD&V.
O cenário é idêntico ao de 2010, quando Wever triunfou nas legislativas e, apesar de designado pelo Rei para formar Governo, falhou em obter uma coligação. Elio Di Rupo, um socialista francófono, assumiu o executivo em 2011 com o líder da N-VA a recusar integrar o mesmo.
Desde então que Elio Di Rupo tem governado a Bélgica com um executivo que junta elementos de seis partidos (entre socialistas, liberais e democratas-cristãos), quer flamengos, quer valões.
Bart De Wever acrescentou que vai “tomar a iniciativa para ver o que será possível fazer”, embora admitindo que pretende evitar uma nova “longa crise política”.
A N-VA defende que a Bélgica (ainda antes da independência da Flandres) deverá ser transformada num estado “confederal”, com as competências do Governo a ficarem limitadas à política externa e à Defesa.