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Kim garante estar disposto à desnuclearização e Trump quer “acordo certo”

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, afirmou hoje que “se não estivesse disposto” à desnuclearização, não estaria em Hanói, enquanto o Presidente dos Estados Unidos afirmou não ter pressa, mas que deseja o “acordo certo”.

Questionado se estaria disposto a desnuclearizar – provavelmente a primeira vez que um jornalista estrangeiro colocou uma questão a Kim -, o líder norte-coreano respondeu: “Se não estivesse disposto a isso, não estaria aqui agora”.

Os dois líderes continuaram a reafirmar as suas esperanças durante o arranque das negociações em Hanói, visando a desnuclearização de Pyongyang, um problema que se agravou nas últimas décadas, apesar da pobreza e isolamento do regime norte-coreano.

Trump notou que está disposto a aceitar um processo mais lento para a desnuclearização.

“A velocidade não é importante”, disse. “O importante é que façamos o acordo certo”.

Acompanhados apenas por intérpretes, o bilionário de 72 anos e o autocrata de 35 revelaram familiaridade, nascida do primeiro encontro, em Singapura, em junho passado, num cenário até há pouco impensável.

“O relacionamento é muito forte e quando existe um bom relacionamento, acontecem coisas muito boas”, afirmou Trump.

O líder garante que, durante o jantar de quarta-feira, “muitas grandes ideias foram já lançadas”, mas sem oferecer detalhes.

Kim Jong-un afirmou “acreditar, por intuição, que bons resultados serão alcançados”.

“É muito cedo para falar. Não vou fazer previsões. Mas instintivamente sinto que um bom resultado será alcançado”, disse.

“Creio que desde quarta-feira todo o mundo está a olhar para o que se passa aqui”, disse Kim, através do interprete.

“Estou certo de que todos estão a assistir a este momento, em que estamos sentados lado a lado, como se estivessem a ver um filme de fantasia”, acrescentou.

Estados Unidos e Coreia do Norte têm uma relação hostil desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), mas Trump, um assumido não-político disposto a quebrar com o protocolo, aceitou aproximar-se de Kim Jong-un, que lidera um dos regimes mais brutais do mundo.

Possíveis resultados para a cimeira em Hanói incluem uma declaração de paz para a Guerra da Coreia, que Pyongyang pode usar para pressionar a redução das tropas norte-americanas na Coreia do Sul ou um alívio das sanções que bloqueiam a sua economia.

Entre os analistas há a crescente preocupação de que Trump faça cedências a Kim em troco de pouco e insistem que Washington deve primeiro obter progressos reais na questão da desnuclearização, antes de fazer cedências.

Na quarta-feira, questionado se esta cimeira poderia culminar numa declaração política que impulsione a assinatura de um tratado de paz, Trump afirmou: “Vamos ver”.

Na agenda de Trump, difundida pela Casa Branca, está prevista a assinatura de um acordo conjunto, após a reunião.

Os líderes reuniram-se pela primeira vez em junho passado, em Singapura.

A histórica cimeira terminou, no entanto, sem nenhum compromisso da Coreia do Norte no sentido de abandonar o seu arsenal nuclear.

A Coreia do Norte sofreu já décadas de isolamento e pobreza extrema, incluindo períodos de fome que causaram milhões de mortos, mas não abdicou de desenvolver um programa nuclear como garantia de sobrevivência do regime.

Um tratado de paz que pusesse fim à Guerra da Coreia permitiria a Trump fazer História e encaixaria na sua oposição a “guerras eternas” dispendiosas para os EUA.

Mas isso poderá implicar a retirada dos 28.500 soldados norte-americanos estacionados na Coreia do Sul, antes de Pyongyang se comprometer com medidas concretas para a desnuclearização.

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