Motociclismo

Kiko Maria com desafios ainda maiores em 2019

Francisco ‘Kiko’ Maria está prestes a iniciar a sua terceira temporada no motociclismo de velocidade, e ‘sobe a parada’ ao alinhar em três frentes, a mais internacional delas – a European Talent Cup – com uma nova equipa, e Leopard Impala Junior Team.

Aos 14 anos de idade o jovem piloto português é já um talento reconhecido, que de certa forma segue o trilho anteriormente feito por Miguel Oliveira, do qual, confessa, é também fã.

“Isto começou por influência do meu avô, pois juntos via-mos pela televisão as corridas de MotoGP. Mas ainda sem nunca ter corrido admirava o Valentino Rossi, do qual sou grande fã, a par com o Miguel Oliveira, evidentemente”, conta ‘Kiko’ Maria que também voltará a estar envolvido no Campeonato Nacional de Velocidade e no Campeonato de Espanha de Velocidade de Pré-Moto3.

Nascido no Porto, mas a viver em Lisboa há alguns anos, o jovem piloto aproveitou aquilo que o seu pai – grande mentor do projeto e negociador de todos os contratos de ‘Kiko’ – descreveu como “uma oportunidade”, quando começou a frequentar a Lorenzo ‘School’ – escola de pilotagem ligada ao ex-campeão do Mundo de MotoGP Jorge Lorenzo, “O Kiko aprendeu a correr ali. Depois houve a possibilidade de entrar numa corrida, pois surgiu uma vaga. Ele entrou e ficou em segundo”, conta o pai do jovem piloto do Porto.

A partir daí arrancou a carreira de Francisco ‘Kiko’ Maria, cuja condição para competir se assemelha em muito aquilo que sucedeu com Miguel Oiveira. “Ele sabe que para correr tem de manter boas notas na escola”, sublinha o pai. “Há um amanhã depois da carreira de piloto e há que prevenir o futuro. Algo que não sucede com os outros jovens em Espanha, pois aos 13 ou 14 anos largam tudo para se dedicarem a uma carreira no motociclismo”.

Esta ‘receita’ seguida pelo pai de Miguel Oliveira e agora também pelo de ‘Kiko’ Maria provou já ser a mais acertada, pelo que sem facilidade na instituição onde estuda o jovem piloto sabe que tem pela frente a difícil tarefa de conciliar as duas coisas. “Todos os tempos livres são aproveitados para treinar”, refere o pai de ‘Kiko’.

Desportivamente o ano de 2018 teve alguns pontos altos e algumas contrariedades, nomeadamente no Campeonato Nacional de Velocidade, com o cancelamento de duas jornadas onde possivelmente o jovem piloto poderia ter discutido e alcançado o título de Pré-Moto 3.

‘Kiko’ Maria vai repetir a categoria em 2019, competindo ‘dentro de portas’ pela sua estrutura Moto Action Team, enquanto que na Talent Cup irá utilizar uma Honda NSF 250 R idêntica à dos restantes participantes, cerca de seis dezenas, provenientes de 18 países.

Como objetivos o jovem portuense aponta aos pontos: “Depois de um ano de aprendizagem quero terminar regularmente nos pontos. Já com o conhecimento dos circuitos quero concentrar-me nesses objetivos. Se conseguir estar regularmente nos pódios então posso pensar em algo mais”.

Este campeonato vai passar por traçados como o do Estoril, Valência, Barcelona, Aragon, Jerez de La Frontera e Albacete, e com o conhecimento que possui deles ‘Kiko’ tem as suas preferências e também o circuito que menos aprecia.

“Diria que o traçado mais complicado para mim é o de Barcelona, pois costuma ser-me difícil acertar a moto para aquele circuito. Mas ao mesmo tempo é um desafio. Já Aragon não me apaixona, é menos desafiador, sendo que o meu preferido é, de longe Jerez de La Frontera. A pista de Portimão tem subidas e descidas, mas não é a ideal, talvez porque não goste muito do piso”, assume.

‘Kiko’ Maria assume-se como um piloto muito “mental”, e explica: “Gosto muito de pensar antes de agir. Normalmente utilizo os treinos livres para ir além dos limites, perceber até onde a moto pode ir. No ano passado caí duas vezes numa prova no Estoril por esse motivo. Sei que na comunicação com os técnicos da equipa temos de ser nós a queixar-nos. Mas apenas isso. Não somos nós que temos de dizer que façam isto ou aquilo nas motos. Isso cabe à equipa, ao telemetrista. Mas temos sempre de dizer o que não nos agrada de modo a que tornem a nossa moto mais confortável”.

“Sei que quando fui para a Talent Cup tive de pedir para colocarem o banco mais alto, pois a moto, apesar de idêntica à que utilizo em Portugal, estava diferente. Porque no motociclismo aquilo que é confortável para um piloto não o é para outro. Cada um tem a sua forma de guiar. E por isso quando se muda de categoria há que mudar os ‘set-ups’ de quase tudo”, refere.

O número que o jovem piloto utiliza em competição também tem uma explicação. O # 4 tem a ver com a data de nascimento, 4/04/2004. “Ainda surgiu a ideia do # 04 – como Andrea Dovizioso – mas fui contra ideia, devido à conotação do # 0”, explica o pai de ‘Kiko’ Maria.

Na European Talent Cup ‘Kiko’ terá como companheiros de equipa o espanhol Marco Tapia e o italiano Alfano Pasquale, sendo que isso pouco diz ao jovem português: “Para mim os companheiros de equipa são adversários. O primeiro adversário sou eu próprio, o segundo são as pistas e os desafios que colocam e só depois os meus rivais”.

A temporada de ‘Kiko’ Maria vai ser bem preenchida este ano e constará de duas dezenas de provas, a primeira das quais já a 6 e 7 de abril, da Europena Talent Cup no Autódromo do Estoril, onde utilizará uma moto diversa daquela que usará nos campeonatos de velocidade de Portugal e de Espanha de PréMoto 3, aí a máquina será uma Yamaha 250. Na primeira tentará o título que lhe escapou em 2018 e na segunda procurará terminar frequentemente no pódio, depois de na época passada ter sido 13º.

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