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Julgamentos no estádio: “Processos injustos só exacerbam as tensões”, avisa a Amnistia

julgamentos no estadioA Amnistia Internacional condenou os julgamentos que a China realizou num estádio. Mais de 7000 espetadores viram 55 arguidos a serem condenados por crimes violentos. “A celebração de julgamentos ‘expresso’ não significará justiça para as vítimas”, alertou a Amnistia.

Na imensidão da China, até os julgamentos são em grande: várias dezenas de arguidos foram responder não a tribunal, mas num estádio de futebol, com mais de 7000 pessoas na bancada.

O espetáculo/megajulgamento ocorreu no estádio de Yining, na comarca de Ili, localizada na região de Xinjiang, e terminou com 55 condenações: 52 de prisão e três de pena de morte por crimes como ‘terrorismo violento’.

A prática é ancestral (ainda na semana passada houve um caso semelhante, que terminou com 39 pesoas condenadas a penas de prisão) e mereceu um repúdio, público, por parte da Amnistia Internacional (AI).

Em comunicado, a organização sustenta que estes ‘espetáculos’ não asseguram a efetiva justiça e, em vez de um efeito dissuassor, até podem contribuir para um aumento da criminalidade numa região onde a maioria da população é de etnia cazaque e muçulmana.

“Recentes ataques violentos mostraram que os seus responsáveis não respeitam a vida e devem ser julgados, mas a celebração de julgamentos ‘expresso’ não significará justiça para as vítimas, e condenar drasticamente em processos injustos só exacerbará as tensões na região”, salientou a AI.

Recordando os tempos da “humilhação pública” na China aquando da ‘Revolução Cultural’, a organização sediada em Londres (Inglaterra) argumentou que os arguidos podem ter sido torturados antes da ‘exibição’, forçando-os a confessar algo que não praticaram.

“As autoridades chinesas parecem mais preocupadas com a opinião pública do que com a aplicação da justiça”, acusa a AI, considerando “muito pouco provável que os acusados tenham tido um julgamento justo”.

A China justificou o megajulgamento com a campanha de intensificação da luta antiterrorista, com a duração estimada de um ano, lançada após um aumento dos ataques indiscriminados contra a população civil em lugares públicos.

Dos julgamentos no estádio resultaram 55 condenações por vários crimes, incluindo homicídio intencional, separatismo e participação em grupos terroristas. É a prova, diz Li Minghui, vice-secretário local do Partido Comunista, de que a China não vai tolerar “o terrorismo violento, o separatismo e o extremismo religioso”.

https://www.youtube.com/watch?v=y7w8-ZKQOqk

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