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Julgamento de duo argentino transferido para Monsanto por questões de segurança

O Tribunal de Loures transferiu para Monsanto, em Lisboa, o julgamento de dois dos homens mais procurados pelas autoridades argentinas, julgados em Portugal por roubos violentos a bancos, após os advogados recusarem ser revistados com detetor de metais.

A ata da segunda sessão do julgamento de Rodolfo “El Ruso” Lohrman e Horacio Maidana, realizada na sexta-feira, à qual a agência Lusa teve hoje acesso, conta que o incidente teve início quando, na manhã desse dia, os mandatários dos cinco arguidos no processo “se recusaram a entrar na sala de audiências, alegando que não têm de ser sujeitos à medida de segurança de revista com detetor de metais”.

A presidente do coletivo de juízes, Elisabete Reis, ordenou então que fossem “nomeados defensores oficiosos a todos os arguidos para continuação do julgamento”, o que não foi possível durante a manhã, sendo então retomado pelas 14:00.

Às 14.30, acrescenta a ata, foi dado conhecimento ao Tribunal de Loures que os defensores oficiosos entretanto nomeados “tomaram a mesma posição” dos advogados dos arguidos e que se encontravam presentes dois representantes da Ordem dos Advogados, que pretendiam falar com o coletivo de juízes, a fim de se ultrapassar a situação.

Rui Tavares, vice-presidente do Conselho Regional da Ordem dos Advogados e Carlos Malheiro, presidente da Delegação de Loures da Ordem dos Advogados, após falarem com o coletivo de Juízes, reuniram com todos os advogados.

Os representantes da Ordem dos Advogados informaram depois o coletivo de juízes que advogados se mantinham “intransigentes”, reiterando que não iriam entrar na sala de audiência “para não serem sujeitos aos procedimentos de segurança que se entenderam adequados neste processo”.

A juiz presidente ordenou então que, a partir da próxima sessão, agendada para as 14:00 de 24 de maio, o julgamento se passe a realizar no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, o qual recebe julgamentos que impliquem fortes medidas de segurança.

“Atentas as circunstâncias (…), entendendo o tribunal que não lhe compete interferir com as determinações de segurança das instalações, definidas pelas autoridades competentes, e que o foram desde o início do julgamento em consequência da análise de avaliação do risco deste julgamento em concreto, e não se julgando fundamento justificado o invocado pelos mandatários dos arguidos e defensores oficiosos, determina-se que as ulteriores sessões de julgamento passem a ter lugar no Tribunal de Monsanto”,justifica o despacho da juíza Elisabete Reis, que tem como adjuntos os juízes Ana Baptista e João Claudino.

A presidente do coletivo de juízes sublinha que esta solução permite ultrapassar “as questões e os constrangimentos colocados”, os quais, “se lamentam profundamente”.

A primeira sessão deste julgamento, considerado de alta segurança, realizou-se a 07 de maio, após um primeiro adiamento, a 12 de março. Em ambos os dias, e à semelhança do que aconteceu na sessão de sexta-feira, 11 de maio, houve um forte dispositivo de segurança montado, assim como apertadas regras de segurança.

Antes do início das sessões, operacionais do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional (GIPS) inspecionam a sala de audiência, com a ajuda de cães, e as pessoas que assistem são revistadas por agentes da PSP, incluindo com detetor de metais.

No interior e no seu exterior da sala mantêm-se, em permanência, vários elementos do GIPS e da PSP, fortemente armados.

Rodolfo “El Ruso” Lohrman e a Horacio Maidana, de 53 e 57 anos, detidos preventivamente na prisão de alta segurança de Monsanto, em Lisboa, são suspeitos de, em 2003, em conjunto com outros elementos, do sequestro de Christian Schaerer, à data com 21 anos, estudante de direito e filho de um empresário da província de Corrientes, perto da fronteira com o Paraguai.

Os autores exigiram um resgate para a sua libertação, mas até hoje o jovem nunca apareceu.

Procurados pela Argentina desde 2003, detidos pela Polícia Judiciária em Aveiro, em 2016, Lohrman e Maidana (líder e número dois da organização criminosa), e mais três arguidos, estão acusados pelo Ministério Público de assaltarem, com violência, quatro bancos (três no concelho de Odivelas e um em Cascais), entre 2014 e 2016, conseguindo levar, ao todo, cerca de 235 mil euros, que foram transferindo para o estrangeiro, e furtado cinco viaturas.

Os outros três arguidos – Manuel Garcia, guatemalteco, 32 anos, e Christian Gomez, 35 anos, de nacionalidade espanhola – estão em prisão preventiva ao abrigo deste processo, enquanto Jaime Fontes, português, 33 anos, está a cumprir pena por tráfico de droga, no âmbito de outro processo.

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