Cultura

Juiz Carlos Alexandre explica como tenta surpreender arguidos nos interrogatórios

Conhecido do grande público como o ‘superjuiz’, que tem estado na frente de alguns dos mais mediáticos julgamentos em Portugal, Carlos Alexandre – o homem que ordenou a prisão a José Sócrates – levantou a ‘ponta do véu’ de como costuma realizar os interrogatórios (muitos deles longos) aos suspeitos que inquire.

“O caminho faz-se caminhando. Há a experiência dos que nos antecederam, a experiência que nos foi transmitida durante o estágio. Depois vamos aprendendo”, explica o juiz, deixando uma certeza.

“Uma coisa é certa, não há ninguém que possa entrar na cabeça de outra pessoa”, garante o magistrado.

Em entrevista ao jornal ‘O Mirante’, Carlos Alexandre salienta ainda que “esta relação que existe durante xis horas entre determinadas pessoas não depende só da expressão verbal de cada um ou até da sua própria mímica, das expressões faciais, dos gestos”.

Antigos banqueiros como Ricardo Salgado ou Oliveira e Costa, antigos ministros como Isaltino Morais e Armando Vara, homens da alta finança e até um antigo primeiro-ministro (José Sócrates) são algumas das personalidades que já tiveram de enfrentar interrogatórios de Carlos Alexandre, nos mais variados processos judiciais que aconteceram em Portugal; alguns ainda decorrem.

Muitos dos interrogatórios estão protegidos pelo segredo de justiça e, por isso, o juiz deles não falam.

Ainda assim, Carlos Alexandre explica o seu método de trabalho e revela como tenta surpreender os suspeitos durante os interrogatórios.

“Tenho-me esforçado pela documentação dos atos ao nível de gravação e de vídeo-gravação porque isso permite surpreender as reações das pessoas a qualquer pergunta.”

Investigações como a ‘Operação Marquês’, ‘Furacão’, ‘Monte Branco’, ‘BPN’ ou até o ‘Freeport’ passaram (e passam) pelas mãos do juiz que admite ter mau feitio.

“Tenho (sorriso)”, garante o ‘superjuiz’, ao jornal ‘O Mirante’, deixando uma clarificação sobre o poder que tem.

“A minha palavra é a primeira palavra mas não é a última palavra”, revela o homem que ordenou a prisão a um antigo primeiro-ministro.

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