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Júdice fala do “Rei” Marcelo, do “sonho” de Ana Gomes e do “Napoleão” André Ventura

José Miguel Júdice desvalorizou por completo as eleições presidenciais de 24 de janeiro, explicando os motivos individuais subjacentes às várias candidaturas.

No comentário semanal para a SIC Notícias, o antigo bastonário da Ordem dos Advogados explicou que as presidenciais são “inúteis”, tirando “três” casos em que houve “realmente eleição”, nos duelos “Eanes contra Soares Carneiro, Mário Soares contra Freitas do Amaral e Jorge Sampaio contra Cavaco Silva”,

“Há 20 anos que nenhuma eleição presidencial existe em que estivesse em discussão quem é que ia ser Presidente da República”, insistiu.

Assim, Júdice explicou que “a eleição presidencial serve para outras coisas”.

“Para que têm servido? Para muitas coisas. Serviu para um último estertor revolucionário de Otelo Saraiva de Carvalho, serve para que pequenos partidos apascentem o seu rebanho, para lançar putativos candidatos a futuros partidos ou para tornar mais conhecidos partidos em ascensão. Serviu até para homenagear um excelente poeta, Manuel Alegre, e para o canto de cisne do grande guerreiro da democracia portuguesa, Mário Soares”, exemplificou.

Olhando para os atuais candidatos, o comentador encontrou vários motivos para terem entrado na corrida a Belém.

No caso de Marcelo Rebelo de Sousa, trata-se de “plebiscitar o Rei de Portugal”.

“Vivemos num regime de monarquia eletiva, uma pessoa eleita é sempre reeleita. Só ele é que tem dúvidas, é um bocadinho medroso”, começou por adiantar.

Marcelo foi elogiado por ser o único capaz de avançar contra as “aristocracias políticas” de Portugal, “que são os partidos”.

“São 200 pessoas que mandam em nós, Marcelo passa por cima disso. Não se candidata contra ninguém, pelo contrário, elogia quase todos. A melhor maneira de ganhar é fingir que não ganha”, acrescentou.

Para PCP e Bloco de Esquerda, as presidenciais servem para “terem a máquina oleada para que os eleitores não fujam”

Já Tiago Mayan Gonçalves avança para, “mais lentamente, tornar a marca Iniciativa Liberal mais conhecida”.

“Não tem conseguido, coitado, mas tenta”, complementou.

Quanto ao “Tino de Rans, é um zé povinho sem fazer o manguito, é uma personagem genuína”.

Nesta análise, José Miguel Júdice deixou para o fim os dois candidatos que “efetivamente” vão a votos um contra o outro: Ana Gomes e André Ventura.

Sobre a diplomata, que já criticou publicamente (e vice-versa) em várias ocasiões, o advogado acredita que “ela tem um sonho”.

“Não acabar a vida como comentadora”, ironizou: “Ter um destino político, quiçá fazer uma cisão no PS e fazer o verdadeiro Partido Socialista”.

“Ana Gomes lutava pelos descontentes, mas agora mudou o discurso e está maçadora. Ela achava que os socialistas não seriam capazes de votar em Marcelo e agora percebeu que serão capazes de não votar nela.  A única vitória para ela é o segundo lugar, é ganhar ao Ventura”.

Já este pretende “consolidar o Chega”, enquanto faz “uma OPA aos eleitores de PSD e CDS”.

“André Ventura candidata-se contra todos. Está habitado por uma fúria cósmica, uma arrogância messiânica. Acha que é Napoleão, que vai conquistar o poder em dois ou três anos”, comentou.

“Está a lutar aqui para se tornar no líder da oposição e ficar à frente de Ana Gomes”, concluiu Júdice.

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