Nas contas do Correio da Manhã, a Octapharma faturou, só nos contratos por ajuste direto com o Estado, cerca de seis milhões de euros no período entre 2005 e 2011, anos em que o primeiro-ministro era José Sócrates. Só o hospital Curry Cabral e os centros hospitalares de Setúbal e Coimbra, citados pelo diária como os principais clientes públicos da Octapharma, compraram à multinacional mais de 50 por cento do total adquirido de plasma do sangue e derivados.
O Tribunal de Contas chegou a investigar o contrato por ajuste direto entre o Centro Hospitalar de Setúbal e o gigante suíço. O Estado pagou, pelo fornecimento de plasma do sangue e derivados à unidade sadina, mais de um milhão e meio de euros, mas não respeitou a obrigatoriedade de remeter o negócio para fiscalização, como é obrigatório para todos os contratos acima dos 350 mil euros.
José Sócrates, residente em Paris, foi contratado pela Octapharma para desenvolver “o aconselhamento da empresa em diversas matérias ligadas à saúde pública”, esclareceu a multinacional, referindo que o ex-primeiro-ministro não desempenha “qualquer atividade em Portugal” nem “de âmbito comercial”.
O convite foi formulado, referiu a Octapharma à Lusa, pelo conhecimento que o ex-governante tem da América Latina, assim como da vivência com os problemas de saúde pública.