Cultura

José Luís Peixoto traduzido para crioulo pela primeira vez

“Morreste-me” é o primeiro livro do escritor português José Luís Peixoto que será traduzido para crioulo cabo-verdiano, através da editora Rosa de Porcelana, que conta ter a nova versão nas bancas em dezembro, informou hoje fonte oficial.

Em declarações à agência Lusa, o escritor e poeta cabo-verdiano Filinto Elísio, da Rosa de Porcelana Editora, disse que a escolha de “Morreste-me” se deveu ao facto de ser um texto com uma coloquialidade e uma dicção próxima à língua cabo-verdiana.

Filinto Elísio salientou ainda o facto de José Luís Peixoto ter “forte ligação” a Cabo Verde, onde chegou a viver, e é curador do Festival de Literatura-Mundo, cuja segunda edição foi realizada na semana passada, na ilha do Sal, organizada pela Rosa de Porcelana Editora.

Também destacou o facto de ser “um livro iniciático e emblemático” de José Luís Peixoto, dos mais traduzidos em Portugal, que gostava de ver um livro seu dirigido ao mercado cabo-verdiano, que é bilingue.

“Ademais, faz jus ao bilinguismo dos cabo-verdianos que suscita coexistência linguística e complementaridade funcional do português e do cabo-verdiano”, explicou à Lusa.

Filinto Elísio disse que a Rosa de Porcelana conta ter o livro traduzido nas bancas em dezembro, num “trabalho cuidadoso”, que terá ainda algumas ilustrações.

O editor adiantou que a tradução será feita na variante do crioulo de Santiago, ilha de onde é natural, mas salientou que terá o “cuidado” de ter outras variantes do arquipélago.

“A questão das variantes não é a central. Estaremos atentos à questão dos padrões da escrita, se será a menos gramaticalmente estruturada e na linha da etimológica ou se a opção recairá para o Alfabeto Unificado para a Escrita do Crioulo, já oficiosa”, adiantou.

O editor referiu que, com a tradução, a Rosa de Porcelana pretende ampliar a circulação das obras de José Luís Peixoto em Cabo Verde, indo “sempre que possível”, para outras esferas linguísticas.

“Esta pretensão exige tradução para diversas línguas estrangeiras”, prosseguiu o editor, que não descarta a possibilidade da tradução de outras obras para a língua cabo-verdiana.

A proposta para a tradução de “Morreste-me” para a língua crioula de Cabo Vede foi feita à Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) portuguesa.

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