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José António Saraiva questiona detalhes do acidente de Salazar

O arquiteto José António Saraiva, sobrinho do historiador José Hermano Saraiva, considera ‘mal contada’ a história da queda da cadeira de António de Oliveira Salazar, num acidente cujas sequelas viriam a provocar a morte do ditador.

Em entrevista à RTP3, o ex-diretor do Expresso justificou as dúvidas com a existência de três testemunhos aparentemente contraditórios.

“Comecei a investigar”, realçou, citando então os testemunhos “do barbeiro, que diz que estava lá, do calista, que ia tratar dos pés [de Salazar], e a Dona Maria, que era a governanta de sempre de Salazar”.

A governanta viu “Salazar a levantar-se”, mas o barbeiro declarou que “Salazar estava em pé, pensou que estava ali uma cadeira e estatelou-se no chão”.

“Logo aí, vemos que um dos dois está a mentir”, sustentou.

Faltava o testemunho do calista, que “ajudou Salazar a levantar-se” do chão.

“O calista e o barbeiro nunca iam no mesmo dia ao forte. Um dos dois está a mentir”, insistiu o arquiteto.

O sobrinho de José Hermano Saraiva, historiador que foi ministro da Educação entre 1968 e 1970 (Salazar caiu da cadeira a 3 de agosto de 1968), apresentou ainda o “copo de água” como prova.

Isto porque o calista afirmou que tinha ajudado Salazar a sentar-se novamente e disponibilizou-se para ir buscar um copo com água, apesar da governanta ter dito que viu Salazar a sentar-se sem referir qualquer auxílio do calista.

“É óbvio que se a Dona Maria estivesse presente, como diz, seria ela a ir buscar o copo de água, o calista não sabia os cantos à casa. Um dos dois está a mentir”, sustentou.

“Mas porque é que esta gente toda mente?”, concluiu José António Saraiva.

António de Oliveira Salazar caiu da cadeira a 3 de agosto de 1968, no forte de Santo António da Barra, no Estoril, sofrendo um hematoma intracraniano que, nove dias mais tarde, o deixaria incapacitado, após um acidente vascular cerebral, de acordo com a tese defendida pela grande maioria dos historiadores.

O ditador viria a morrer a 27 de julho de 1970.

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