Três jornalistas zimbabueanos foram presos por estarem a trabalhar. A polícia deteve Mabasa Sasa, Brian Chitemba e Tinashe Farawo por terem relatado, num jornal estatal, que vários oficiais de topo da polícia estão envolvidos no envenenamento por cianeto de mais de 60 elefantes.
Ontem, a polícia entrou no Sunday Mail e deteve o editor, Mabasa Sasa, o editor de investigação, Brian Chitemba, e um repórter, Tinashe Farawo.
“Não se pode permitir que os editores e os repórteres se escondam atrás dos privilégios da liberdade de imprensa para publicar falsidades”, afirmou o porta-voz da polícia, Charity Charamba, garantindo que “a nossa investigação provou que esse trio está a mentir”.
E quais foram essas “falsidades” que fizeram a capa do Sunday Mail? Que um oficial do topo da hierarquia e outros oficiais da polícia estão envolvidos no caso dos mais de 60 elefantes envenenados, com cianeto, por caçadores ilegais.
Ao que a polícia do Zimbabué chamou “falsidades” a Amnistia Internacional apelidou de “uma tentativa chocante de ameaçar a liberdade de imprensa”, exigindo a libertação dos três profissionais.
“Prender jornalistas com base na ‘publicação de falsidades’ tem um efeito perverso que pode restringir a capacidade dos media exporem alegados crimes e atividades ilícitas cometidos pelas autoridades. Estas ações criam um clima de medo no Zimbabué e perpetuam a impunidade”, frisou Muleya Mwananyanda, diretor da Amnistia Internacional para o sul de África.
Os três jornalistas vão ser presentes amanhã ao tribunal, revelou o advogado de defesa, James Muzangaza.
Foi a 26 de outubro que os agentes do Parque Nacional de Hwange, o mesmo onde vivia o leão Cecil, reportaram o envenenamento de 22 elefantes, aumentando o total de paquidermes mortos por cianeto em outubro para 62.
Os três jornalistas apuraram, com recurso a testemunhos anónimos, que um polícia de topo (não identificado), vários ‘rangers’ do Parque de Hwange e vários cidadãos asiáticos estiveram envolvidos no envenenamento do dia 26.