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Jornalistas da Lusa em Angola foram libertados sem explicações

Os dois jornalistas da Lusa que foram hoje identificados e conduzidos até uma esquadra quando tentavam falar com manifestantes que se iam concentrar frente à Assembleia Nacional, na capital angolana, para protestar a favor das autarquias foram libertados sem explicações.

Na esquadra, os jornalistas foram identificados por um agente da polícia local, que questionou o nome, função e empresa para a qual trabalham e aguardaram na sala de espera por mais de meia hora, sendo depois libertados sem explicações sobre o motivo da detenção.

Na altura em que foram levados para a esquadra vários agentes disseram que os jornalistas não poderiam reportar o ato e teriam de acompanhar a polícia porque não podiam estar a filmar.

O Comando Provincial da Polícia Nacional de Luanda remeteu explicações para mais tarde.

A polícia angolana deteve também mais de dez jovens manifestantes, denominados “Jovens Pelas Autarquias”, que estavam devidamente identificados pelas camisolas pretas e foram impossibilitados de se concentrarem.

Os jovens foram empurrados para dentro de uma viatura policial e transportados até à segunda esquadra, no Bairro Operário, para onde igualmente foram encaminhados os jornalistas da Lusa.

Entre os mais de 10 jovens detidos estão o coordenador do Projeto Agir, organização sociedade civil, Fernando Gomes, e o coordenador da Plataforma Cazenga em Ação (PLACA), Scoth Kambolo, que à chegada na esquadra afirmou: “Um dia venceremos”.

Também o ativista luso-angolano Luaty Beirão, através do Twitter, referiu que estava a participar na manifestação e foi levado pela polícia, referindo que não sabe se está detido.

Laulenu, província angolana do Moxico, Projeto Agir, município do Cacuaco, Luanda, PLACA, município do Cazenga, Luanda, Mizangala Yenu, província do Bengo, Okilunga, província da Huíla e o Núcleo de Boas Ações de Luanda são as organizações cívicas promotoras da manifestação que estava prevista para hoje frente ao parlamento, onde decorre a primeira reunião plenária de 2020.

“Os Jovens Pelas Autarquias” agendaram para hoje esta manifestação para protestar “contra os vícios que enfermam o pacote legislativo autárquico”, e “exigem” a sua aprovação no primeiro trimestre de 2020 para que as mesmas decorram “em simultâneo” em todos os municípios angolanos.

No lançamento da manifestação, em 14 de junho, Scoth Cambolo deu conta que as organizações cívicas já produziram várias sugestões e propostas sobre as “várias incongruências” que constam do pacote autárquico e “não tiveram qualquer respaldo das autoridades”.

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