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Jornalista da TVI revela ter sido vítima de violência doméstica por parte de colega

Emanuel Monteiro, jornalista da TVI, recorreu ao Instagram para revelar ter sido vítima de violência doméstica “durante mais de um ano, de forma consecutiva”. “Hoje, o agressor está muitas vezes, muitas horas, a três metros de mim”, denuncia.

“Começou com um estalo e acabou com um espancamento, dentro da minha própria casa”, escreveu o jornalista na sua conta pessoal do Instagram, para enquadrar o terror vivido ao longo de um ano.

“Foi no dia do meu aniversário. Estava sem telemóvel, trancado, impedido de fugir ou pedir ajuda. Estive à espera, durante todos os minutos daquelas três horas, que o agressor abrisse a gaveta da cozinha e de lá tirasse uma faca para acabar com o pouco que ainda restava de mim”, afirma.

A situação, descreve, foi “o pior” que lhe “aconteceu na vida”.

“Fiquei gelado de medo, morte de espírito enquanto era agredido sem dó, nem piedade. Não consegui, sequer, defender-me”, acrescenta.

Emanuel Monteiro explica que nunca conseguiu denunciar o agressor “por receio, por vergonha, mas sobretudo por compaixão e para não estragar a vida de uma pessoa”, confessando que “às vezes” ainda sente “muito medo”.

“Hoje, o agressor está muitas vezes, muitas horas, a 3 metros de mim. E tem tanto em comum com o desta história horrível”, confessa.

O jornalista, autor da reportagem ‘Senhor Traveca’, exibida na TVI na passada terça-feria, decidiu revelar o episódio por acreditar que está na altura de “acabar com estas histórias”, recordando o homicídio de um jovem de 20 anos, no Porto, esta semana.

De acordo com a investigação, Miguel Ribeiro foi esfaqueado em casa, no segundo andar de um prédio.

Emanuel Monteiro explica que o jovem “foi morto pelo ex-namorado”, “à facada”, “o significado da verdadeira desumanidade, da redução do homem à condição de animal”.

Por isso, e “porque o Miguel poderia ser o Emanuel” , o jornalista decidiu revelar  ter sido vítima de violência doméstica.

“Um ano depois, e com a história do Miguel, tenho a certeza: do que mais me arrependo é de não ter apresentado queixa-crime. Hoje faria tudo diferente (…). Amor só pode ser amor, nada mais. É por amor que vos peço: sejam fortes, denunciem qualquer episódio de violência doméstica ou no namoro”, conclui.

A notícia já tem alguns dias, mas só agora consegui ter real dimensão daquilo que aconteceu. O Miguel foi morto pelo ex-namorado. Morto, à facada, dentro de casa, pelo André. O significado da verdadeira desumanidade, a redução do homem à condição de animal. Uma tragédia que poderia ser evitada. Tenho a certeza, e a responsabilidade é de todos nós. É da falta de educação cívica para a denúncia. A denúncia em episódios de violência, sobretudo recorrentes, é fundamental. Mesmo que as vítimas não o consigam fazer (é sempre tão difícil e aterrador), é responsabilidade dos amigos, dos familiares e dos colegas de trabalho alertar as autoridades, assim que saibam de alguma coisa. Eu sei do que falo: fui vítima de violência doméstica durante mais de um ano, de forma consecutiva e, a cada episódio, mais grave. Começou com um estalo e acabou com um espancamento, dentro da minha própria casa. Foi no dia do meu aniversário. Estava sem telemóvel, trancado, impedido de fugir ou de pedir ajuda. Estive à espera, durante todos os minutos daquelas três horas, que o agressor abrisse a gaveta da cozinha e de lá tirasse uma faca para acabar com o pouco que ainda restava de mim. Fiquei gelado de medo, morto de espírito enquanto era agredido sem dó, nem piedade. Não consegui, sequer, defender-me. Foi o pior que me aconteceu na vida, mas, felizmente, ao contrário do Miguel, fiquei cá para contar a história. Hoje, o agressor está muitas vezes, muitas horas, a 3 metros de mim. E tem tanto em comum com o desta história horrível. Às vezes, ainda tenho medo, muito medo. Nunca consegui denunciá-lo, por receio, por vergonha, mas sobretudo por compaixão e para não estragar a vida a uma pessoa, não faz parte de mim fazer mal aos outros (eu achava que iria fazer). Um ano depois, e com a história do Miguel, tenho a certeza: do que mais me arrependo é de não ter apresentado queixa crime. Hoje faria tudo diferente. É que o André matou o Miguel. E o Miguel poderia ser o Emanuel. Depende de nós acabar com estas histórias. Amor só pode ser amor, nada mais. É por amor que vos peço: sejam fortes, denunciem qualquer episódio de violência doméstica ou no namoro! ❤️???

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