A Apple tornou-se hoje a mais recente empresa a ser criticada pela imprensa oficial chinesa no âmbito dos protestos em Hong Kong, por permitir na sua loja uma aplicação que difunde coordenadas da polícia durante as manifestações.
O Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC), acusou a ‘app’ HKmap.live, desenvolvido por um fornecedor externo e disponível na loja eletrónica da Apple, de “facilitar comportamento ilegal”.
Em editorial, o jornal questionou ainda se a gigante norte-americana está a “guiar os bandidos de Hong Kong”.
Pequim pressionou já empresas como a companhia aérea Cathay Pacific Airways de Hong Kong e a liga profissional norte-americana de basquetebol a tomarem posições pró-governo, nos protestos que há quatro meses afetam a região semiautónoma de Hong Kong.
Na origem da contestação está uma polémica proposta de emendas à lei da extradição, já retirada formalmente pelo governo de Hong Kong.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
O HKmap.live permite que os utilizadores relatem a localização da polícia, o uso de gás lacrimogéneo e outros detalhes, que são adicionados a um mapa atualizado regularmente.
Uma outra versão está também disponível para telemóveis que usam o sistema operacional Android, da Google.
“A Apple entrou nisto por conta própria e misturou negócios com política e atividade comercial com atividades ilegais”, acusou o Diário do Povo.
O jornal alertou que o grupo tecnológico pode estar a prejudicar a sua reputação junto dos clientes chineses.
Pequim encorajou, no passado, o boicote a produtos japoneses ou sul-coreanos, durante disputas com os governos daqueles países. As autoridades chinesas costumam ainda recorrer à suspensão de licenças, impostos ou investigações antimonopólio.
“Esta imprudência causará muitos problemas à Apple”, afirmou o Diário do Povo. “A Apple precisa de refletir profundamente”, acrescentou.
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