Marcelo Rebelo de Sousa afirmou ontem que as recentes declarações do primeiro-ministro sobre o salário mínimo nacional são uma “jogada eleitoral” pensada com a duração de dois atos eleitorais.
De acordo com o comentador político da TVI, Passos Coelho pretende “vender o mesmo produto duas vezes”.
Desmontando essa “jogada política”, Marcelo salientou o modo como a mesma é aplicada ao calendário político: o primeiro-ministro começa por “prometer agora que vai aumentar”, em vésperas das eleições europeias, mas nunca irá “aumentar efetivamente antes das legislativas”.
“Já toda a gente percebeu que Passos Coelho fez uma jogada eleitoral. Uma jogada muito simples: prometer que vai aumentar o salário mínimo, mas não aumentar já. Fazer depender de um acordo social que vai ser negociado depois das eleições e, portanto, ter dois momentos: o momento em que anuncia a boa noticia antes das europeias e depois o segundo momento, bom, em que aumenta o salário mínimo antes das legislativas”, reforçou Marcelo Rebelo de Sousa.
Cortes nas pensões
A discussão sobre um eventual aumento do salário mínimo tem uma vantagem acrescida, segundo o comentador da TVI: desvia as atenções sobre o corte nas pensões.
Ainda ontem, a imprensa avançava que o executivo de Passos Coelho deu indicações, à Comissão Europeia, de que pretendia indexar as pensões à evolução da economia e dos indicadores demográficos.
“Acho que o Governo devia esclarecer isso de uma vez por todas esta semana”, argumentou Marcelo Rebelo de Sousa, lembrando que está em causa a “sustentabilidade da Segurança Social”.
“Frase infeliz”
Para além de criticar Passos Coelho, o comentador político da TVI lamentou ainda a “frase infeliz” com que a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, se pronunciou sobre a Associação 25 de Abril.
“Goste-se ou não dos ‘capitães de Abril’, o que é facto é que estamos aqui devido a eles”, salientou.
“A presidente Assunção Esteves é presidente devido a eles. Os deputados, que representam o povo, estão lá pelo voto popular porque eles permitiram o voto popular”, recordou Marcelo.
Em causa estave a expressão “o problema é deles”, dita pela presidente da Assembleia quando comentava uma eventual ausência dos militares nas cerimónias do 25 de Abril.
“Assunção Esteves não tratou disto atempadamente, e teve aquela frase infeliz quando são ‘eles’ a razão dela ser presidente da Assembleia da República. Devemos-lhe muito. Foi uma oportunidade perdida, tinha-se pensado com tempo e tinha-se encontrado numa solução”, argumentou o comentador.
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