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Investigadores portugueses criam vacina antiterrorismo

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Investigadores portugueses do Centro de Neurociências e Biologia Celular e da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra criaram uma vacina nasal para cenários de ameaça fatal de bioterrorismo com antraz. Esta vacina pode ser administrada por qualquer pessoa, perante uma situação de perigo.

Não está completamente provado que a vacina injetável, disponível no mercado português apenas para militares, seja 100 por cento eficaz contra a inalação fatal de antraz em ataques bioterroristas, como aqueles que aconteceram nos EUA  em 2001.

A vacina nasal desenvolvida pela equipa da UC atua no local onde o antraz é inalado, impede que ocorra infeção e desenvolvimento da doença numa fase mais precoce, podendo ser mais eficaz do que uma vacina injetável.

A introdução no mercado de uma vacina deste tipo poderá dissuadir a utilização de armas biológicas com antraz.

O trabalho de três anos, liderado pela investigadora do CNC e docente da Faculdade de Farmácia da UC, Olga Borges, deu origem a “uma vacina nasal contra o antraz inalado que promove a produção de anticorpos protetores nas mucosas, formando uma barreira à entrada do antraz na corrente sanguínea”.

Foram desenvolvidas “nanopartículas muco-adesivas que têm como função estimular o sistema imunitário, permitindo que este responda de forma mais eficaz à presença do antigénio (molécula estranha ao organismo) do antraz. As nanopartículas asseguram ainda que a vacina não seja destruída pelas enzimas das mucosas ou que se desloque para o estômago, onde seria inativada pelos ácidos”, esclarece a investigadora.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) atribui uma elevada taxa de infeções na utilização de vacinas injetáveis em países em desenvolvimento, devido à reutilização de agulhas ou à falta de cumprimento de boas práticas durante a sua administração, provavelmente explicado pela escassez de profissionais de saúde.

Nestes países, principalmente em zonas rurais, o antraz é endémico (ainda não foi eliminado), conduzindo a infeções ao nível das vias respiratórias, da pele e gastrointestinais, resultantes do contacto direto com animais infetados (domésticos e selvagens), ou indireto através da lã, couro, ossos e pelo. A administração nasal da vacina não apresenta os riscos de infeção reportados pela OMS e não necessita de ser aplicada por profissionais de saúde, escassos em países em desenvolvimento.

A vacina nasal desenvolvida na UC foi testada com êxito em animais de laboratório, mas são necessários novos estudos para confirmar a sua eficácia em humanos. A formulação desenvolvida poderá ser aplicada a outras vacinas, tais como a vacina contra a hepatite B.

A investigação começou por fazer parte de um projeto europeu, proposto pelo Ministério da Defesa Português e aprovado pela Agência Europeia de Defesa. Contudo, devido a restrições orçamentais e redefinições de áreas de investigação do Ministério, tal como dos restantes países do consórcio, o projeto ficou sem o financiamento da área da defesa, tendo sido suportado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

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