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Investigador acredita ter identificado assassino de Olof Palme

O escritor sueco Jan Stcoklassa, autor de um livro sobre a morte do antigo primeiro-ministro da Suécia Olof Palme, disse à Lusa que o crime pode ser resolvido “em breve”, e que tem uma forte suspeita sobre a identidade do assassino.

“Tenho uma firme convicção sobre quem matou Olof Palme, mas não o posso afirmar. Afinal cabe à polícia apresentar as provas”, disse à Lusa Jan Stocklassa autor do livro “Stieg Larsson – Os arquivos secretos e a sua alucinante caça ao assassino de Olof Palme”, que chega às livrarias portuguesas na terça-feira.

Olof Palme, primeiro-ministro sueco, foi assassinado a tiro em Estocolmo na noite de 28 de fevereiro de 1986 por um desconhecido, permanecendo o crime sem resolução e a ser investigado pelas autoridades suecas.

Stocklassa, que diz manter contactos regulares com a polícia sueca no quadro da investigação do assassinato de Olof Palme, destaca que, no mês passado, foi detetado um ‘walkie-talkie’ que terá sido utilizado pelo comando que organizou o crime.

“Há um mês aconteceu um desenvolvimento muito interessante, quando contactei uma pessoa que tinha um ‘walkie-talkie’ que foi encontrado dois dias após o assassinato. Provou-se que era verdade. Quatro jovens que passeavam pela rua encontraram o ‘walkie-talkie’ na rota de fuga do assassino”, explica Stocklassa, acrescentado que, na altura, “os jovens” não entregaram o aparelho de comunicação à polícia.

“Um amigo tinha-me contado esta história há um par de anos e agora conseguimos contactar as pessoas. É uma história muito credível e eu acredito 100 por cento nela. Persuadi a pessoa que mantinha o ‘walkie-talkie’ a falar com a polícia, e agora a polícia está a investigar e talvez possa conseguir alguma coisa com o número de série e a marca do ‘walkie-talkie'”, afirma.

Da mesma forma, Stocklassa diz ser possível localizar o revolver que terá sido utilizado para matar Olof Palme, e que – segundo os dados que recolheu – pode estar “escondido” num cofre na Suécia.

“Eu penso que é possível localizar a arma. O assassino levou a arma com ele. Era um revólver de grandes dimensões. O normal teria sido o assassino desfazer-se da arma, mas eu penso que ele a levou como um troféu. As pessoas que mataram Olof Palme consideram que ele traiu a sociedade sueca e por isso quiseram guardar a arma que mudou a História da Suécia”, defende Stocklassa.

O autor do livro sublinha que as autoridades “não conseguiram resolver o crime durante os últimos 33 anos” por “incompetência”, e que quer ajudar a resolver o assassinato entrevistando pessoas que nunca tinham sido abordadas pelos investigadores no passado.

“Acredito que o crime pode ser resolvido sem grandes dificuldades, dentro dos próximos dois anos”, diz.

O livro “Stieg Larsson – Os arquivos secretos e a sua alucinante caça ao assassino de Olof Palme”, de Jan Stocklassa, tem como ponto de partida os arquivos pessoais do jornalista e romancista sueco autor da saga “Mellenium”, que morreu em 2002, que, além de denunciar durante vários anos as atividades dos grupos de extrema-direita na Suécia, investigou a morte do antigo primeiro-ministro.

“Desconhecia que Stieg Larsson, o nosso mais famoso escritor de novelas policias, esteve perto de conseguir resolver um dos mais misteriosos assassinatos de sempre”, sublinha Stocklassa que acedeu aos arquivos através da companheira de Larsson, Eva Gabrielsson.

O livro, explica o autor, “é a versão reduzida” que enviou para os procuradores judiciais de Estocolmo que lhe pediram para consultar o manuscrito, antes de ter sido publicado na Suécia, em 2017.

“Espero que este livro sirva de prova na investigação criminal”, diz Stocklassa acrescentando que também se preocupou em traçar um perfil do antigo primeiro-ministro, assassinado em 1986.

“Eu admiro Olof Palme pelo que conseguiu alcançar na política internacional. Era um político extremamente inteligente, mas muitas pessoas encaravam-no com ceticismo na Suécia. Era extremamente competente e talvez a Suécia fosse, na altura, demasiado pequena para valorizar a sua grandeza. Tinha muitos problemas políticos internos, mas no estrangeiro fez muito, sobretudo contra o colonialismo, e tomou posições firmes contra as superpotências. Fez muito”, conclui o autor que elabora sobretudo o possível envolvimento do regime do ‘apartheid’ sul-africano na morte do primeiro-ministro.

O livro “Stieg Larsson – Os arquivos secretos e a sua alucinante caça ao assassino de Olof Palme”, de Jan Stocklassa (editora Planeta, 468 páginas), foi traduzido para o português por Eulália Pyrrait e encontra-se nas livrarias a partir de terça-feira.

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