António José Seguro lidera um PS sem “ouvir os socialistas que não o bajulassem”, acusa Mário Soares, que aponta António Costa como o próximo secretário-geral: “vai ganhar sem dificuldade”. O antigo Presidente critica ainda o atual, Cavaco Silva, que “perdeu a fala”.
Mário Soares voltou ao ataque, agora com uma entrevista ao I. Entre um António José Seguro “muito inseguro” e um António Costa de “inteligência superior”, o fundador do PS não tem dúvidas de que o atual presidente da Câmara de Lisboa vai ser o próximo secretário-geral dos socialistas.
“Não há dúvida disso”, garantiu Soares, antecipando o sucesso de Costa nas primárias no PS: “vai ganhar sem dificuldade, de Norte a Sul do País e nas ilhas”
“António Costa é um homem de valores e de esquerda e nunca foi um homem mais ou menos à direita, conforme as circunstâncias”, argumentou.
Foi esse o “maior erro” de Seguro, continuou Mário Soares: ignorou a matriz do PS e, em vez de tentar unir a esquerda, perdeu-se em diálogos pontuais com a direita, como ficou provado (defendeu o histórico socialista) com a “vitória de Pirro” nas europeias.
“Nunca falou à esquerda. Seguro nunca se identificou com a esquerda nem com o povo e sempre dialogou com o PSD atual e com Cavaco Silva. Se estivesse ao lado do povo teria maioria absoluta”, reforçou.
“Dizer diariamente que ia ser primeiro-ministro, como se mais nada lhe interessasse”, foi outro dos erros apontados pelo ‘senador’ a António José Seguro, mas o principal foi “não ouvir os socialistas que não o bajulassem”.
“Espero que Seguro – que é muito inseguro – perceba finalmente que não será primeiro-ministro, como tantas vezes disse que seria, antes de ouvir os socialistas”, insistiu Mário Soares, acusando o secretário-geral de manobras administrativas: “até mudou os estatutos do PS para o conseguir”.
“Em vão” porque o adversário “tem uma inteligência superior e é um excelente político”, segundo o fundador do PS. António Costa “é e sempre foi um socialista de esquerda e está contra a direita, que tem destruído o nosso País”, insistiu Soares.
Nessa direita, o antigo Presidente incluiu não apenas o Governo, mas também Cavaco Silva: “o Presidente da República perdeu a fala”.
Quanto ao executivo de Passos Coelho, Mário Soares repetiu os apelos anteriores: “devia ter um mínimo de decência e ir-se embora”.
“Se tivesse vergonha ou sentido de valores, em vez de injuriar” os juízes do Tribunal Constitucional, especialmente “depois de três chumbos sucessivos”, o Governo não teria alternativa para além da demissão.
