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Insegurança no Sahel e na África Ocidental deixará 14,4 milhões de pessoas a precisar de ajuda alimentar no verão

Cerca de 14,4 milhões de pessoas no Sahel e na África Ocidental irão precisar de assistência alimentar imediata no próximo verão, principalmente devido à insegurança na região, segundo uma entidade oficial.

Este alerta é uma das principais conclusões da Rede de Prevenção de Crise Alimentar (RPCA), formada por associações internacionais, governos e organizações não-governamentais, que se reúne hoje na sede da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em Paris.

Hoje já 9,4 milhões de pessoas, que representam 3,5 por cento da população dos 16 países da região analisada, precisam de ajuda alimentar imediata.

Entre os países mais afetados estão a Nigéria (quatro milhões de pessoas), o Níger (1,5 milhões) e o Burkina Faso (1,2 milhões).

A rede adverte que “esta situação corre o risco de se agravar, principalmente por causa da insegurança”, pelo que no período de junho a agosto de 2020 poderá haver 14,3 milhões de pessoas (5,4 por cento do total da população nestes países) a precisar de assistência imediata, incluindo 1,2 milhões em situações de emergência.

A insegurança está por trás de grandes deslocações de populações, particularmente no Burkina Faso (480.000 pessoas), noroeste da Nigéria (310.000) e Níger (180.000).

Na Nigéria, há um total de 1,9 milhões de deslocados internos em áreas onde existe uma maior pressão sobre os recursos alimentares.

Em 2017, o Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger formaram uma força militar conjunta, conhecida como G5, para combater os grupos terroristas, mas a falta de recursos tem sido insuficiente para levar a cabo com êxito a sua missão.

O ministro das Relações Exteriores do Burkina Faso pediu recentemente ajuda à comunidade internacional, no sentido de ser criada uma coligação que possa garantir a estabilidade do Sahel e um reforço do mandato para que a missão da ONU possa controlar a situação no Mali.

“A guerra contra o terrorismo é um desafio global, uma preocupação que diz respeito a toda a comunidade internacional”, adiantou Alpha Barry, defendendo que “todos os dias, em cada palco internacional, é preciso dar o sinal de alarme”.

“Isso é o que fazemos hoje e agora para evitar, porque depois será tarde demais”, alertou.

O diretor-executivo do Programa Alimentar Mundial (PMA) das Nações Unidas, David Beasley, alertou também há alguns dias para a crescente violência no Burkina Faso e o impacto da crise climática, que colocaram o país no epicentro de uma “crise humanitária dramática”.

“Cerca de meio milhão de pessoas viram-se obrigadas a abandonar os seus lares e um terço do país é, agora, uma zona de conflito”, afirmou Beasley.

Os níveis de subnutrição bateram recordes, segundo o PMA, tendo o diretor acrescentado que “se o Mundo leva a sério a tarefa de salvar vidas, agora é o momento de atuar”.

As regiões mais instáveis são a norte do Sahel, onde o Burkina Faso compartilha fronteiras com o Mali e o Níger, a região do centro-norte e a leste do país, território onde a situação começou a degradar-se no verão de 2018, bem como a capital do país, Ouagadougou, que sofre ataques desde 2016.

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