Ciência

Injeção de Canakinumab pode prevenir ataque cardíaco e reduzir avanço do cancro

Os investigadores olham com elevada expectativa para uma nova classe de medicamentos, baseados no anticorpo canakinumab. Trata-se de um anti-inflamatório que pode ajudar a prevenir os ataques cardíacos e, no campo oncológico, reduzir a velocidade a que o cancro progride.

O estudo realizado pelo hospital Brigham and Woman, de Boston (EUA), dominou as atenções do congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, a decorrer em Barcelona (Espanha).

O canakinumab abre “uma nova era terapêutica”, sendo já considerada pelos médicos como “o maior avanço [terapêutico] desde as estatinas”, a classe de medicamentos para minorar o risco de ataques cardíacos e controlar o colesterol.

De acordo com o ensaio da equipa liderada por Paul Ridker, da Harvard Medical School, a injeção regular de canakinumab (a cada três meses) fez reduzir os ataques cardíacos em 15 por cento, no grupo com historial de problemas cardiovasculares, e no grupo oncológico reduziu para metade o número de mortes provocadas pelo cancro.

“Cheguei a ver três grandes épocas de cardiologia preventiva durante a minha vida”, salientou Paul Ridker: ” Na primeira, reconhecemos a importância da dieta, do exercício e da cessação do tabagismo; na segunda, identificámos a importância dos medicamentos na diminuição dos lípidos, como as estatinas; agora, estamos a abrir a porta à terceira era”.

O sucesso do canakinumab reside na forma como ataca a interleucina-1, uma proteína do sistema imunológico que, em níveis elevados, provoca uma inflamação generalizada.

Uma em cada quatro pessoas que sofreu um ataque cardíaco deve ter outro no período de cinco anos, seja ou não medicada como estatinas. Os médicos acreditam que na base desta estimativa está a inflamação das artérias do coração pelo aumento da interleucina-1, difícil de vigiar e controlar.

No estudo realizado no hospital de Boston, os pacientes que já tinham sido vítimas de um ataque cardíaco foram medicadas com canakinumab, que provou ter uma eficácia bem superior à das estatinas e ao do grupo de controlo.

“As implicações são imensas”, insistiu o investigador: “Isto diz-nos que, ao apontarmos o tratamento diretamente para a inflamação, conseguimos reduzir drasticamente o risco em pacientes de alto risco”.

Mas nem tudo são ótimas notícias: uma em cada mil pessoas medicadas com canakinumab tem o risco agravado de morrer de infeção generalizada.

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