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Informação económica, sensibilização religiosa e segurança para conter conflito em Moçambique

Investigadores do International Growth Centre (IGC), uma instituição de pesquisa económica, recomendaram hoje a Moçambique que use informação económica, sensibilização religiosa e política securitária para conter os ataques no norte do país.

“Informação e sensibilização funcionam em termos de prevenção de conflitos e é muito importante não esquecer esta estratégia a par da estratégia de segurança”, disse hoje Pedro Vicente, professor associado de Economia na Universidade Nova de Lisboa.

“As duas coisas juntas funcionam melhor do que ir só pela segurança”, considerou Pedro Vicente, que falava hoje em Maputo, capital de Moçambique, no lançamento de dois estudos feitos em Cabo Delgado antes e depois de a violência eclodir.

Ambos os estudos têm o objetivo de sugerir políticas públicas para conter os ataques no norte do país.

O primeiro estudo fala de uma campanha informativa sobre a gestão dos recursos naturais em Cabo Delgado entre os anos de 2016 e 2017.

Os grupos religiosos, organizações da sociedade civil e governos locais realizaram campanhas com o objetivo de tornar as comunidades mais informadas e otimistas em relação aos futuros benefícios dos hidrocarbonetos.

“A campanha resultou num aumento dos níveis de confiança nas instituições do Estado a diferentes níveis”, lê-se nas conclusões do documento.

Nas 206 comunidades onde houve mais informação há menos violência quando comparadas com as zonas que não receberam conhecimento sobre os benefícios do gás.

“A campanha levou a uma diminuição do conflito associado à exploração local de recursos naturais”, lê-se.

Um segundo estudo, mais pequeno, com 400 muçulmanos, na cidade de Pemba, elaborado após a eclosão da violência, tenta perceber até que ponto a sensibilização que as organizações islâmicas fizeram tiveram efeito na redução da violência.

O estudo indica que com a sensibilização religiosa “a confiança nas instituições aumenta” e “o interesse na política diminui, tal como o apoio ao extremismo”.

Os primeiros ataques que aconteceram em Cabo Delgado foram contra instituições do Estado, como a polícia e os governos distritais.

A sensibilização popular contraria crenças, sugerindo por exemplo que ser amigo de um muçulmano não é proibido e que o Islão se opõe à violência.

A criação de negócios e o acesso a oportunidades de emprego também são formas usadas para a sensibilização.

Uma das conclusões é que “a sensibilização religiosa diminui a probabilidade de destruição em oito pontos percentuais”, lê-se no texto.

As evidências indicam que os muçulmanos podem contrariar a radicalização islâmica e a violência a ela associada, sendo que a simples sensibilização religiosa diminuiu o comportamento anti-social por parte de jovens.

“Em termos de política pública, mostramos que as autoridades religiosas podem considerar um papel mais ativo na prevenção de conflitos”, conclui.

Os ataques de grupos armados que nasceram em mesquitas de Cabo Delgado já mataram pelo menos 150 pessoas desde outubro de 2017.

Lusa

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Lusa
Etiquetas: ÁfricaMoçambique

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