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Inflação nos alimentos pode ter agravado pobreza em quatro a seis por cento em Moçambique

A inflação do preço dos alimentos em 2016-17 pode ter aumentado em quatro a seis pontos percentuais a parcela de população moçambicana que vive na pobreza, de acordo com um novo estudo do Banco Mundial.

“Uma análise do Banco Mundial sobre as implicações da inflação do preço dos alimentos em 2016-17 conclui que pode ter significado um aumento da pobreza em 04 a 06 pontos percentuais”, refere.

A informação faz parte do boletim sobre a Atualidade Económica de Moçambique, divulgado na quarta-feira, em Maputo.

Algumas das províncias mais pobres, tais como Tete, Manica e Niassa (interior norte e centro), terão sido as que mais suportaram o fardo, devido ao elevado nível de dependência do milho, acrescenta.

Como Moçambique é importador de milho e arroz, o preço dos alimentos chegou a subir 40 por cento em novembro de 2016, por causa de uma depreciação acentuada da moeda, o metical – logo, eram necessários mais meticais para pagar a mesma quantidade de comida.

Hoje, a situação macroeconómica estabilizou-se (a inflação média a 12 meses é de 4,59 por cento), mas as marcas podem perdurar.

Estas perspetivas sobre 2016 são as mais recentes indicações sobre a evolução da pobreza em Moçambique, uma vez que os últimos dados oficiais consolidados das autoridades e Banco Mundial são de 2014-15 e indicam que 48,4 por cento da população é pobre – uma trajetória de descida desde 2002-03 em que o valor atingia 60,3 por cento.

“A medição da pobreza em Moçambique baseia-se no valor de um nível mínimo de consumo necessário para a vida normal a curto prazo e bem-estar humano a longo prazo e que é estimado a partir de pesquisas domiciliares a cada cinco ou seis anos”, pelas autoridades moçambicanas, nota a instituição.

Apesar da situação inflacionária verificada em 2016-17, o Banco Mundial prevê que, até 2030, Moçambique consiga reduzir a pobreza de 48,4 por cento para 21,8 por cento (melhor cenário) ou 36 por cento (pior cenário).

O impacto desigual da instabilidade macroeconómica (e consequente inflação do preço de alimentos) registada em Moçambique nos últimos anos é avaliado numa secção específica do novo boletim do Banco Mundial.

Na secção, a instituição nota que as famílias pobres do interior rural foram as que mais cortaram na alimentação.

“Uma análise ao impacto de preços mais altos no bem-estar das famílias mostra que um aumento de 10 por cento nos preços do milho levou a uma redução de 1,2 por cento do consumo per capita nas áreas rurais e de 0,2 por cento nas áreas urbanas”, refere a instituição.

Os efeitos causados pelas mudanças “nos preços do arroz e mandioca foram menores, mas qualitativamente iguais”.

O estudo realça “os custos da instabilidade macroeconómica nos mais desfavorecidos, especialmente dada a medida em que as subidas de preços dos alimentos são desproporcionalmente sentidas pelas famílias mais pobres, mesmo quando são produtoras de alimentos”.

A descoberta de dívidas ocultas do Estado, ascendendo a dois mil milhões de dólares, contribuiu para que o abrandamento económico de Moçambique, que já se perspetivava, se transformasse numa crise em 2016-17, com os indicadores macroeconómicos a estabilizarem desde o último ano.

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