A taxa de inflação mensal em Angola voltou a subir entre abril e maio, para 1,27 por cento, mas o acumulado dos últimos 12 meses está já abaixo dos 20 por cento, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano.
Segundo o relatório mensal do INE sobre o comportamento da inflação, ao qual a Lusa teve hoje acesso, o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) de maio contrasta com os 1,22 por cento em abril e os 1,44 por cento em março.
Estes registos contrastam com o pico mais recente, de 2017, entre setembro e outubro, período em que os preços em Angola aumentaram 2,39 por cento, logo após as eleições gerais de agosto.
O pico da inflação mensal em Angola nos últimos anos registou-se em julho de 2016, quando, no espaço de um mês, os preços registaram um aumento médio de 4 por cento.
A inflação acumulada a 12 meses voltou a descer em maio, para 19,84 por cento, depois dos 20,22 por cento de abril.
Segundo o INE, a subida de preços em maio de 2018 foi influenciada sobretudo pelos setores “Lazer, Recreação e Cultura”, com 2,33 por cento, pelo “Vestuário e Calçado”, com 1,71 por cento, pelos ” Bens e Serviços Diversos “, com 1,66 por cento, e pelo “Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção”, com 1,60 por cento.
Os aumentos de preços no terceiro mês do ano foram liderados pelas províncias de Malanje (2,90 por cento), Cunene (1,92 por cento), Moxico (1,91 por cento) e Cuanza Sul (1,71 por cento), enquanto as com menor variação foram Bié (0,95 por cento), Lunda Sul (1,15 por cento), Namibe (1,17 por cento) e Huíla (1,19 por cento).
Desde setembro de 2014 que a inflação em Angola não para de aumentar, acompanhando o agravamento da crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra na cotação internacional do barril de petróleo bruto, o que fez disparar o custo, nomeadamente dos alimentos.
O Governo angolano prevê chegar ao final de 2018 com uma inflação acumulada de 28,7 por cento (entre janeiro e dezembro), mas a previsão é abalada depois de, nos dois últimos anos, ter visto a meta largamente ultrapassada e sempre a dois dígitos, devido à crise.
A concretizar-se, este será o segundo valor anual da inflação mais alto desde 2004 em Angola.
A previsão para 2018 é desde logo condicionada pelo novo regime flutuante cambial, em que a taxa de câmbio é definida pelo mercado, nos leilões de divisas realizados pelo Banco Nacional de Angola para os bancos comerciais.
Nos primeiros três meses deste regime, o kwanza sofreu uma depreciação de 31 por cento face ao euro e de 22 por cento para o dólar norte-americano, o que poderá agravar os custos de importação do país.
Entre janeiro e dezembro de 2016 (12 meses) os preços em Angola subiram praticamente 42 por cento, segundo os relatórios anteriores do INE sobre o IPCN.
Em todo o ano de 2017, a subida acumulada nos preços foi 23,67 por cento, registo muito superior à previsão de 15,8 por cento para o período entre janeiro e dezembro que o Governo inscreveu no OGE.
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