Economia

“Indicação” sobre o BES: Gabinete de Passos “nega categoricamente” a acusação

passos coelho parl O gabinete do primeiro-ministro “nega categoricamente” que este tenha dado qualquer “indicação” sobre o GES. É a resposta do Governo a uma notícia do Público em que Passos Coelho é referindo como tendo dado uma indicação para afastar Ricardo Salgado do BES.

O gabinete do primeiro-ministro emitiu um esclarecimento sobre a polémica no Grupo Espírito Santo (GES) e no Banco Espírito Santo (BES) que deixa ainda algumas dúvidas por esclarecer.

Isto porque o esclarecimento visa uma notícia, hoje avançada pelo Público, que refere Passos Coelho como o autor de uma “indicação” a sugerir o afastamento de Ricardo Salgado, à data o presidente do BES. Só que o texto do gabinete de Passos “nega categoricamente” que tenha sido dada qualquer “indicação” sobre o GES.

“O gabinete do primeiro-ministro nega categoricamente que o chefe do Governo tenha dado qualquer tipo de indicação ou orientação, de forma directa, através do Banco de Portugal ou por outra via, sobre a composição da equipa dirigente do Grupo Espírito Santo”, diz o comunicado.

Segundo o jornal, a alegada “indicação” foi endereçada ao GES (mais propriamente, ao Conselho Superior) pedindo que Ricardo Salgado fosse afastado da “composição da equipa dirigente” do BES, não referindo a “composição da equipa dirigente” do GES.

No mesmo texto, o gabinete do primeiro-ministro refere ainda que, “numa altura em que surgem na imprensa especulações sobre esta matéria, que carecem em absoluto de fundamento, o gabinete reafirma que o primeiro-ministro nunca interferiu na atividade do Grupo Espírito Santo”.

A nota não se pronuncia quanto às “especulações” que, no caso da notícia do Público, indicam Passos Coelho e o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, como autores de um pedido ao GES para que a família Espírito Santo afastasse Ricardo Salgado da “atividade” do BES.

Ao referir-se a este comunicado, o mesmo jornal realça que “o gabinete do primeiro-ministro não nega ter tido conhecimento, em outubro de 2013, da deterioração financeira do GES”.

Foi essa “deterioração financeira”, mais propriamente o passivo de 7000 milhões de euros do GES, que levou o governador do Banco de Portugal a propor a Passos Coelho o afastamento de Ricardo Salgado da presidência do BES.

Segundo a notícia do Público, foi em outubro do ano passado que Carlos Costa e Passos Coelho aprofundaram as reuniões para analisar os riscos dos problemas do GES contaminarem o BES.

Coincidindo com a altura em que o presidente do BES, Ricardo Salgado, tinha sido chamado ao Ministério Público para retificar o IRS, após o “esquecimento” na declaração de 8,5 milhões de euros, Carlos Costa terá sugerido a Passos Coelho que a melhor solução seria o afastamento do banqueiro.

O primeiro-ministro terá aceite a sugestão, que apresentava um condicionalismo: para afastar qualquer suspeita, teria de ser o próprio Ricardo Salgado a avançar publicamente para a saída do BES.

Ainda segundo o jornal, Passos Coelho escreveu ao Conselho Superior do GES, apresentando a ideia do afastamento de Ricardo Salgado. Contudo, o presidente do BES recebeu um ‘voto de confiança’ da família Espírito Santo.

Falhado o plano, o primeiro-ministro e o governador do BdP terão sugerido que Ricardo Salgado se afastasse, publicamente por vontade própria, em junho, depois do aumento de capital realizado pelo BES.

Só que o banqueiro ficou até julho, o que levou Carlos Costa a acusá-lo de ter autorizado operações à revelia do regulador, complementa a notícia do Público.

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