O primeiro-ministro apelou hoje à mobilização de todos contra comportamentos de risco que estão na origem das ignições, num discurso em que destacou as medidas em curso para aumentar a vigilância em relação a focos de incêndio.
António Costa discursava no Ministério da Agricultura, em Lisboa, após a apresentação do Programa Nacional de Redução de Ignições de Incêndios Rurais, numa cerimónia em que também foram assinados dois protocolos de colaboração entre o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e com as Forças Armadas.
“Menos combustível, menos comportamentos de risco e mais vigilância são desafios que nos convocam a todos”, afirmou o primeiro-ministro na sua intervenção, após ter salientado que 98 por cento dos incêndios que ocorrem em Portugal têm origem humana.
“Parte tem origem criminosa, dolosa e intencional, mas muitas outras situações resultam pura e simplesmente da negligência, do descuido e da imprevidência de cada um de nós. Por isso, tão importante como limpar [a floresta] é evitar estes comportamentos que são imprevidentes e que causam tragédias indesejadas”, acentuou, num discurso em que tinha a ouvi-lo os ministros das Agricultura, Capoulas Santos, Adjunto, Pedro Siza Vieira, o secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrello, o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Manuel Machado, bem como representantes das Forças Armadas.
Depois de se congratular com a diminuição de riscos que já se terá registado ao nível das práticas de lançamento de foguetes nos últimos anos, o primeiro-ministro advertiu para os perigos inerentes a práticas rurais de queimas e queimadas, pedindo a todos “mobilização” para evitar este tipo de comportamento de risco.
No que respeita à vigilância, o primeiro-ministro disse que, desde sábado, há mais 55 novos vigilantes na natureza nos parques naturais, assim como se avançou para a constituição de mais equipas de sapadores florestais.
“Na terça-feira, 500 novos efetivos entrarão em atividade no Grupo de Intervenção Proteção e Socorro da GNR. Este ano vamos ter mais equipas de intervenção permanente em cada um dos corpos de bombeiros voluntários – tudo isto representa um esforço de maior vigilância ao qual não é alheio as Forças Armadas”, apontou.
António Costa referiu, então, a este propósito, que as Forças Armadas, “que já têm dado um apoio insubstituível ao nível logístico nos momentos das calamidades e na fase de rescaldo, também poderão dar um contributo para a vigilância”.
As Forças Armadas farão “uma vigilância no terreno, através da mobilização dos seus efetivos, mas também por via aérea. A colaboração da Força Aérea tem sido da maior importância – e este ano ainda terá uma utilização e uma relevância acrescidas para uma deteção antecipada dos focos e riscos de incêndios”, completou.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro insistiu na defesa do princípio relativo à importância de as ações de prevenção no sentido diminuírem os incêndios florestais e, sobretudo, a sua dimensão.
“Seguramente não podemos prescindir da intervenção de forças de combate, mas a prevenção permite que essas forças cheguem mais cedo, possibilitando-se assim um aumento da eficiência da primeira intervenção. Todos nós sabemos que, quando a primeira intervenção funciona bem, o risco de termos incêndios com exigência de ataque alargado diminui significativamente”, afirmou.
E, em estilo de conclusão, o líder do executivo declarou: “Como eu costumo dizer, quando a chama aparece até com o pé se pode apagar; quando o fogo alarga para dimensões catastróficas, por mais meios que tenhamos, dificilmente o conseguimos controlar”, disse.
Por isso, de acordo com o primeiro-ministro, “é fundamental prevenir, vigiar e agir tão prontamente quanto possível”.
“É nesta filosofia que estamos aproximando efetivamente a prevenção e o combate, mobilizando o conjunto do país para este grande desígnio nacional em torno da nossa floresta”, acrescentou.
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