Imagens inéditas de Fukushima mostram natureza a ‘engolir’ o nuclear

O acidente nuclear de Fukushima, em 2011, mudou por completo a paisagem de uma outrora cidade dinâmica. Imagens inéditas da zona de exclusão mostram como a natureza foi absorvendo as estruturas abandonadas, criando cenários dignos de um filme pós-apocalíptico.

Estas imagens inéditas da zona de exclusão de Fukushima, com uma largura de 20 quilómetros, foram registadas pelo mesmo fotógrafo polaco que, em 1986, registou a zona de exclusão de Chernobyl, também após um acidente nuclear.

Autorizado a entrar na região evacuada, Arkadiusz Podniesinski registou como a natureza foi absorvendo o que outrora era domínio humano. É o caso das ruas adjacentes à central de Fukushima Daiichi, onde as florestas escondem os veículos usados à data (e foi só há quatro anos…) pelos funcionários da central nuclear.

“Não foi o sismo que provocou o acidente nuclear de Fukushima, nem sequer o tsunami. Foram os humanos”, afirmou o fotógrafo, quando revelou, no site pessoal, as imagens inéditas da cidade abandonada

“Este projeto visa incentivar as pessoas a tirarem as próprias conclusões” sobre o maior desastre nuclear desde Chernobyl, “sem serem influenciadas pelos media sensacionalistas, pela propaganda governamental ou pelos lóbis do nuclear, os quais tentam passar para a opinião pública a ideia de que as consequências não foram assim tão graves”, frisou o fotógrafo polaco.

Como é visível numa das fotografias, a radiação ainda se mantém com um valor de 6.7 uSv/h.

O registo mostra ainda que o ‘trabalho de limpeza’ ficou a meio. Os televisores amontoados deveriam ter sido recolhidos devido à contaminação, mas ainda assim continuam: amontoados, à espera de um ‘fim’ mais digno.

Nos interiores, as aranhas foram envolvendo tudo em teias gigantescas e outros animais foram largando dejetos em cima de objetos que as pessoas usavam diariamente, como mesas e teclados de computadores.

Podniesinski registou ainda o caso das vacas que passaram a apresentar manchas brancas depois do acidente. Para um agricultor, é o resultado óbvio dos bovinos terem comido ervas contaminadas.