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Ihor morreu de asfixia lenta, confirma perito

Ihor Homeniuk morreu de asfixia lenta, provocada pela fraturas de costelas, confirmou hoje o médico que realizou a autópsia, em tribunal.

Em mais uma sessão do julgamento dos três inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), acusados do homicídio do cidadão ucraniano, Carlos Durão adiantou que se apercebeu logo que “não era possível” ter havido “morte natural”.

“A causa da morte é asfixia. Não tenho dúvidas”, garantiu o médico que efetuou a autópsia de Ihor Homeniuk, no Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses.

Essa asfixia, “lenta”, foi provocada pelas várias fraturas nas costelas do cidadão ucraniano, fraturas essas causadas por energia externa. Ainda de acordo com o perito, era impossível que essas fraturas resultassem das manobras de reanimação cardíaca a que foi sujeito pelas equipas do INEM no aeroporto.

O médico rejeitou ainda as hipóteses de morte por arritmia cardíaca ou por efeitos de abstinência alcoólica.

No depoimento, o perito adiantou que houve infiltrações hemorrágicas nos pulmões de Ihor, resultantes das fraturas de costelas, e que havia sinais claros de “calçado” no corpo da vítima e um outro sinal de “calçado” noutra região corporal, embora de forma menos nítida.

Carlos Durão frisou também que não foi necessário tirar radiografias ao corpo para comprovar as fraturas nas costelas porque estas eram bastante visíveis a olho nu, insistindo que as fraturas foram causadas por “pessoas externas”.

Foram detetadas oito costelas fraturadas, que dificultaram a respiração de Ihor, tanto mais que este terá permanecido durante horas algemado nas costas e deitado de barriga para baixo. “Essa posição causa maior esforço para respirar”, explicou.

O julgamento tem como arguidos três inspetores do SEF (Duarte Laja, Luís Silva e Bruno Sousa), acusados de homicídio qualificado de Ihor, punível com penas até 25 anos de prisão.

O crime terá ocorrido a 12 de março de 2020, dois dias após o cidadão do Leste ter sido impedido de entrar em Portugal, alegadamente por não ter visto de trabalho. Após ser espancado, terá sido deixado no chão, manietado, a asfixiar lentamente até à morte. Dois dos inspetores respondem ainda pelo crime de posse de arma proibida (bastão).

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