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Igreja Católica pede debate “sereno, sério, esclarecido e humanizador” sobre a eutanásia

O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pediu hoje um debate “sereno, sério, esclarecido e esclarecedor, aprofundado e humanizador” sobre a eutanásia, garantindo que a Igreja Católica não faz guerras sobre esta matéria, mas não podia ficar silenciada.

“Eu faço um apelo a toda a sociedade e às instituições responsáveis para um debate sereno, sério esclarecido e esclarecedor, aprofundado e humanizador”, afirmou António Marto, na conferência de imprensa que antecede o início da peregrinação de 12 e 13 de maio ao Santuário de Fátima.

O também bispo de Leiria-Fátima referiu que “não se elimina o sofrimento eliminando a pessoa”, mas antes “é preciso cuidar da pessoa para lhe aliviar o sofrimento, com todos os meios possíveis e a qualidade de vida das pessoas e das famílias”.

António Marto referiu que todos sabem qual é a posição da Igreja Católica sobre esta temática, explicando que está a promover “um dinamismo de esclarecimento”, numa alusão à distribuição de 1,5 milhões de folhetos contra a eutanásia e em defesa da vida.

“Há, a meu ver, muita falta de esclarecimento e há muita ambiguidade no uso da terminologia e, por isso, a Conferência Episcopal tomou esta iniciativa de mandar imprimir um folheto em género de pergunta resposta para tornar mais fácil e acessível ao nosso povo compreender o que está em questão e as questões que se põem”, declarou.

António Marto considerou que o esclarecimento não tem sido feito “a nível da sociedade” e que este é um assunto que não deve ser tratado “muito ao de leve ou superficialmente”.

“A Igreja não podia deixar de se aliar a esta questão, porque a promoção, a valorização da vida humana e a defesa da vida humana em todas as suas fases, em grande parte, é fruto do Cristianismo”, salientou, para frisar: “Não fazemos guerras, mas também não podemos ficar silenciados sobre esta questão”.

Por outro lado, o bispo de Leiria-Fátima observou que “há questões urgentes a ter em conta”, como “oferecer a quem sofre e a quem sofre de uma maneira muito difícil” cuidados paliativos “acerca dos quais pouquíssimo se tem feito”.

“Depois, há questões primárias ainda que a sociedade deveria tratar, por exemplo, em contraste, tanta pressa em pôr a questão da eutanásia em cima da mesa”, declarou, apontando o problema urgente da natalidade, para perguntar: “O que é que a sociedade e os governos têm feito para promover a renovação das gerações através dos apoios à natalidade?”.

António Marto referiu, ainda, o risco de pobreza no país, que atinge 2,4 milhões de portugueses, e o “fosso que tem aumentado entre ricos e pobres”, para sublinhar que estas “são questões de ordem social que exigem um empenhamento” e uma “resposta mais rápida”.

A peregrinação internacional aniversária de maio ao Santuário de Fátima, no distrito de Santarém, é presidida pelo cardeal John Tong, bispo emérito de Hong Kong, e tem como tema “Tempo de graça e misericórdia: dar graças pelo dom de Fátima”.

As cerimónias começam às 18:30, na Capelinha, e três horas mais tarde é recitado o terço, seguido da procissão das velas e missa.

A peregrinação, um ano após a visita do papa Francisco e a canonização de Francisco e Jacinta Marto, termina no domingo, com missa, bênção dos doentes e a “procissão do adeus”, a partir das 10:00.

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