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Humanidade atingiu o pico biológico e daqui só podemos descer, sugere estudo

Se a pesquisa desenvolvida pela Universidade Descartes de Paris, em França, estiver correta, a humanidade já atingiu o seu pico a nível biológico – aptidão física, especialmente – e não haverão melhorias futuras para a espécie. O Homem, diz o estudo, tem a sua quota parte de responsabilidade nestes dados.

O estudo, publicado na revista ‘Frontiers in Physiology’, sugere que a humanidade atingiu o seu limite no que à aptidão física diz respeito e que, daqui em diante, não há espaço para mais melhorias.

O artigo sugere que o Homem é parte integrante do problema, apontando como razões para este impacto negativo nos nossos limites biológicos o facto de ‘danificarmos’ o meio ambiente, com especial atenção para a poluição e as alterações climáticas.

Uma equipa multidisciplinar liderada pelo médico Jean-François Toussaint realizou uma análise a mais de 160 estudos elaborados ao longo dos últimos 120 anos.

Na base do estudo, a equipa incidiu sobre factores como a longevidade, o desempenho atlético, as têndencias de altura ao longo do tempo e o meio-ambiente.

Daí concluiram que a expectativa de vida, o desempenho físico e a altura estabilizaram desde 1980, mesmo tendo crescido progressivamente ao longo do século XX.

“Esses traços já não aumentam, apesar do contínuo progresso nutricional, médico e científico”, explicou Toussaint. “Isso sugere que as sociedades modernas permitiram que a nossa espécie alcançasse os seus limites”.

A equipa de investigação sustenta as análises com registos médicos e desportivos que permitem medir, durante o último século e com precisão, fatores como o desempenho físico.

Cem anos após esses registos, as têndencias mostram-se decrescentes, com a expectativa de vida a descer e com os recordes desportivos a manterem-se no topo cada vez mais tempo.

Jeanne Calment, por exemplo, foi a pessoa que viveu mais tempo, ao morrer em 1997, com 122 anos e 164 dias.

As estatísticas médicas de saúde e altura vão subindo gradualmente, mas em África, em contraponto, a nutrição insuficiente tende a baixar estes índices.

Para os cientistas e autores do estudo, os fatores ambientes são a principal causa para termos chegado a este ‘pico biológico’.

A poluição ambiental foi associada ao menos peso à nascença, à baixa saúde e à menor expectativa de vida, à qual se juntam as alterações climáticas.

“Observar tendências decrescentes pode fornecer um sinal precoce de que algo mudou, mas não para melhor”, reitera Toussaint. “O atual declínio nas capacidades humanas que podemos ver hoje é um sinal de que as mudanças ambientais, incluindo o clima, já estão a contribuir para restrições crescentes que agora temos que considerar”, acrescenta.

O estudo alerta assim a comunidade e os Governos de todo o mundo para estes dados, de forma a que possam ser instauradas medidas que permitam combatê-los e, assim, que a população atinja valores biológicos mais altos.

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