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Hugo Soares foi principal crítico no Conselho Nacional do PSD, direção nega divisão

O ex-líder parlamentar do PSD Hugo Soares foi o rosto mais conhecido das intervenções críticas no arranque do Conselho Nacional, com o presidente deste órgão a saudar o debate e a rejeitar a ideia de um partido dividido.

“O PSD é um partido plural, houve intervenções mais críticas, outras de alerta, outras de defesa, outras que manifestaram agrado por essas intervenções terem tido lugar no Conselho Nacional. Mal estaríamos se fosse só fora”, afirmou Paulo Mota Pinto, em declarações aos jornalistas no final da reunião que se estendeu ao longo de quatro horas, nas Caldas da Rainha, no distrito de Leiria.

Paulo Mota Pinto considerou que “o tema principal” da reunião, que se iniciou na quarta-feira perto das 22:00, foi a apresentação do documento do Conselho Nacional Estratégico (CEN) sobre saúde, que acabou por acontecer já depois da meia-noite.

No entanto, o texto não foi distribuído nem aos conselheiros nem à comunicação social e só será divulgado numa conferência de imprensa pelas 15:30, na sede nacional do partido, em Lisboa.

“A minha expetativa foi planamente satisfeita com a apresentação de um documento excelente sobre saúde e amanhã [hoje] o PSD apresentará propostas substantivas que preocupam os portugueses”, afirmou.

“Num partido da dimensão do PSD há sempre posições diversas e isso é saudável. Não penso que o PSD saia dividido, muito menos mais dividido deste Conselho Nacional”, acrescentou.

Apesar de a análise da situação política não constar da ordem de trabalhos do Conselho Nacional, ao contrário do que é habitual, Paulo Mota Pinto abriu uma espécie de período “antes da ordem do dia”, que se estendeu por cerca de hora e meia.

Segundo relatos de conselheiros presentes na reunião, Hugo Soares, que fez a primeira intervenção em conselhos nacionais da ‘era’ Rui Rio, reiterou críticas à “aproximação do PSD ao PS”, considerando que tal faz dos socialistas um partido moderado, e contestou a posição de Rui Rio de não rejeitar de imediato a chamada ‘taxa Robles’, lamentando que sejam os sociais-democratas a “dar a mão” ao Bloco de Esquerda.

“Não levo lições de militância de ninguém”, afirmou ainda Hugo Soares na reunião, depois de Rui Rio ter afirmado na sexta-feira à TSF que os militantes que discordassem “estruturalmente” deviam seguir o exemplo de Pedro Santana Lopes e sair do PSD.

Questionado sobre a resposta do Rio a esta crítica em particular, Paulo Mota Pinto precisou que o tema não foi alvo da intervenção do presidente do partido de resposta aos críticos, e deixou a sua “interpretação política”.

“Se uma certa intervenção se baseia numa evidente distorção de palavras ou afirmações que presidente do partido não disse, talvez seja por isso que não respondeu”, apontou o presidente do Conselho Nacional.

O ex-líder parlamentar do PSD – que não quis falar aos jornalistas no final – criticou ainda a estratégia quanto aos candidatos autárquicos que tenham ultrapassado orçamentos, questionando que tenha sido o secretário-geral adjunto, Hugo Carneiro, a dar a cara por esta medida, depois de nas autárquicas de 2013 ter apoiado o candidato independente Rui Moreira no Porto, contra o do partido, Luís Filipe Menezes.

A histórica militante social-democrata Virgínia Estorninho já tinha dado o tom na primeira intervenção, na qual também criticou esta via judicial – um caso já seguiu para tribunal -, e assegurou que não vai sair do partido, mesmo discordando.

O antigo secretário-geral Matos Rosa defendeu o trabalho feito pelas anteriores direções de Passos Coelho em termos de contas do partido, dizendo não admitir que questionem a sua seriedade.

Em defesa da direção neste período saíram o antigo líder da concelhia de Lisboa Rodrigo Gonçalves e o atual presidente do PSD-Porto, Alberto Machado.

Rio não fez uma análise global sobre a situação política no início da reunião, apenas respondendo às questões que lhe foram colocadas no final deste período, fazendo questão de distinguir que o que propõe para combater a especulação imobiliária não é uma nova taxa, mas uma mudança num imposto que já existe, o IRS.

À entrada para a reunião, o líder social-democrata tinha anunciado aos jornalistas que o PSD poderá propor, em sede de discussão de Orçamento do Estado, uma diferenciação da taxa do IRS sobre mais valias em função do o número de anos que decorrem entre a compra e a venda de um imóvel.

Rui Rio falaria uma segunda vez na reunião, sobre o documento estratégico para a saúde, mas, uma vez que já se estava “no dia 13 e não 12”, data em que começou o Conselho Nacional, optou por uma intervenção curta, sobretudo para passar a palavra ao coordenador do CEN nesta área, Luís Filipe Pereira, que apresentou um ‘powerpoint’ sobre o tema.

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