Velocidade

Hugo Araújo: A consola abriu-lhe os horizontes para a pista

hugo araujoAos 28 anos seria difícil de prever que Hugo Araújo se tornasse piloto de automóveis, e sobretudo que dos jogos de consola tivesse a oportunidade de ser um dos poucos felizardos a ver concretizado o sonho de correr numa pista de realidade. Mas foi isso que aconteceu, quando a Playstation o escolheu entre milhares para a sua iniciativa GT Academy.

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O ‘bichinho’ do automobilismo acompanha-o desde criança, desde que em 1985 assistiu pela primeira vez à Rampa da Falperra: “Fiquei completamente apaixonado pela modalidade, pelo ambiente, e foi a partir desse dia que passei a pensar: ‘Quando vou ser piloto?’”.

O ambiente familiar de Hugo Araújo também ajudou, pois o seu pai estava ligado ao setor automóvel, mas a oportunidade de competir só surgiu depois vários anos a correr nos computadores, onde, “apenas jogava jogos de automóveis”.

“Tudo começou em 2008 quando soube da primeira edição (do GT Academy) e soube que o vencedor, Lucas Ordoñez, iria correr na realidade. Na altura, já com 27 anos, e sem ter tido a oportunidade de mostrar os meus dotes, pareceu-me a derradeira chance de uma vida e empenhei-me em ser bom no jogo, para atingir a meta da final nacional. Era o agora ou nunca para mim”, confessa, ao PT Jornal.

“Honestamente, e apesar de saber que a concorrência era forte, sempre tive a esperança de alcançar a final em Inglaterra. Joguei quatro horas por dia durante 18 meses para poder defrontar os melhores na consola, e sabia que no “real” teria fortes hipóteses de ser bem-sucedido”, recorda.

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Com tanto empenho, Hugo Araújo ficou “eufórico” quando soube que foi escolhido, embora recorde que é bastante metódico e por isso estar consciente estar, naquela altura, longe do seu objetivo. “Estando em Inglaterra não quis perder a oportunidade que sempre sonhei. E no dia seguinte ao apuramento entrei num ginásio onde perdi cerca de sete quilos em 20 dias, pois a componente física não era a melhor e algo muito apreciado pelos avaliadores britânicos”, sublinha.

Contudo os obstáculos apenas tinham começado: “A maior dificuldade na fase final da GTAcademy foi tentar convencer avaliadores e instrutores de que a minha real motivação na vida era correr e que estava disposto a largar tudo para o poder concretizar. Com 31 anos, com família e filho, notei que era uma barreira que tinha que conseguir ultrapassar, pois com tantos jovens com potencial, esse seria o meu maior desafio”.

Mas o esforço e o empenho de Hugo Araújo foi claramente recompensado, como ele próprio admite: ”Foi uma experiência inacreditável. É difícil escolher uma ou duas situações específicas porque para quem tanto ama este desporto, poder estar a vivê-lo por dentro pela primeira vez durante 24 horas por dia e de uma forma super profissional é inimaginável e impossível de se descrever”.

“No entanto, destaco a convivência com os meus ídolos. Recordar que falei com René Arnoux sobre Dijon 79 ou Johnny Herbert sobre Le Mans 1991 vai para sempre deixar-me com um sorriso de orelha a orelha”, destaca.

Hugo Araújo sempre teve consciência do seu talento, “só não sabia até que ponto”. Contudo “sabia que tinha de tentar. Ficar no pódio entre mais de 830 mil candidatos num programa que hoje em dia é reconhecido como forma de descobrir talentos e tendo estado muito próximo de o vencer sendo o principal candidato durante todo o evento deixa-se naturalmente satisfeito”, confessa.

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A participação posterior numa competição nacional, o troféu Caterham Super Seven surgiu com a ajuda da COMVAL Racing, que tem ajudado Hugo Araújo a prosseguir a sua carreira e a perceber as diferenças para o Nissan GT4 que guiou na GT Academy.

“Fundamentalmente a grande diferença do Westfield, com que atualmente corro para o Nissan 370Z da GT Academy é o peso, pois são ambos de tração traseira e super divertidos de conduzir. É na ausência de peso do Westfield que as coisas se tornam de outra dimensão. As travagens muito mais tardias, a incrível capacidade de curvarem, a diversão que proporcionam nas transições é algo que só se pode comparar aos pequenos fórmulas sem aerodinâmica”, sublinha.

Para o futuro Hugo Araújo vê-se a participar num campeonato. O que já concretizou, tendo feito a sua primeira rampa na Penha, em Guimarães, mas há sonhos ainda por concretizar: “O objetivo médio prazo era, até 2020, fazer uma das minhas provas de eleição, Le Mans 24h e/ou Nürburgring 24h. Espero poder concretizar também este”.

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