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HRW critica regresso de González Lopez aos serviços secretos da Venezuela

A organização não governamental Human Rights Watch (HRW) criticou hoje o regresso do general Gustavo González Lopez à chefia dos serviços secretos da Venezuela, alertando para “o risco de violentos abusos contra o povo venezuelano”.

“Quando González López dirigiu pela última vez o Serviço Nacional de Inteligência Bolivariano (SEBIN), os seus agentes fizeram prisões arbitrárias e abusos contra detidos, inclusive tortura”, denunciou o diretor para as Américas da organização de defesa dos direitos humanos, José Miguel Vivanco, de acordo com um comunicado.

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na quarta-feira que o general Gustavo González López, voltará a assumir a direção do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional, os serviços secretos do país.

Segundo a imprensa venezuelana, o regresso de Gustavo González López ao Sebin tem lugar depois de o seu diretor, o general de divisão Manuel Ricardo Cristopher Figuera, ter sido acusado, na terça-feira, por um membro da Assembleia Constituinte (composta unicamente por simpatizantes do regime) de estar envolvido numa tentativa de golpe de Estado liderado pelo autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó.

“A recondução de Gustavo González López para substituir o diretor do SEBIN, que rompeu com Nicolás Maduro, deveria alarmar a comunidade internacional sobre o risco de violentos abusos contra o povo venezuelano”, disse aquele responsável da HRW.

A ONG apontou ainda ter recebido várias queixas de ativistas e jornalistas na Venezuela que lhes informaram que as autoridades do regime responderam às manifestações em apoio a Guaidó.

“Relatórios de vários ativistas e meios de comunicação locais indicam que as forças de segurança e grupos armados pró-governo dispararam contra os manifestantes com balas à queima-roupa”, mas também contra jornalistas.

A União Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP) informou que uma dúzia de jornalistas também ficaram feridos quando cobriam manifestações contra o Governo.

O sindicato informou que cinco repórteres foram feridos com balas.

A HRW lembrou ainda as afirmações da agência da ONU para os refugiados (ACNUR), que disse estar “extremamente preocupada com relatos de uso excessivo da força pelas forças de segurança contra os manifestantes” em todo o país.

A Venezuela viveu na quarta-feira uma segunda onda de manifestações. O dia anterior tinha também terminado em protestos violentos, dos quais resultaram um morto e 80 feridos, segundo um levantamento de um grupo de militares em Caracas.

Milhares de pessoas concentraram-se na quarta-feira em vários locais da capital venezuelana, de acordo com o apelo feito pelo líder da oposição, reconhecido como Presidente interino da Venezuela por meia centena de países.

Os defensores do Governo concentram-se no centro e oeste de Caracas para participar nas manifestações convocadas pelo executivo a propósito do 1.º de Maio.

O autoproclamado Presidente interino da Venezuela desencadeou na madrugada de terça-feira um ato de força contra o regime de Nicolás Maduro em que envolveu militares e para o qual apelou à adesão popular.

O regime ripostou considerando que estava em curso uma tentativa de golpe de Estado. Não houve, durante o dia, progressos na situação, que continua dominada pelo regime.

Apesar de Juan Guaidó ter afirmado ao longo do dia que tinha os militares do seu lado, nenhuma unidade militar aderiu à iniciativa nem se confirmou qualquer deserção de altas patentes militares fiéis a Nicolas Maduro.

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