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Hospital S. João admite não ser possível manter Serviço de Farmácia na plenitude

A administração do Hospital de São João, no Porto, admitiu hoje que, devido a “um défice muito relevante” de recursos humanos, “não é possível” manter o Serviço de Farmácia “na sua plenitude”.

“Devido à situação deficitária não é possível ao Serviço de Farmácia manter o nível de serviço na sua plenitude e que sempre foi norma no Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ)”, afirma a administração do hospital, em comunicado.

De acordo com a nota de imprensa, “não está tomada nenhuma decisão definitiva em relação à manutenção da presença física de farmacêutico durante o período noturno, mas, tal como em outros hospitais, pode não ser possível manter a prestação atual”.

Em resposta a uma denúncia feita pela Ordem dos Farmacêuticos, o hospital explica que “está identificado um défice muito relevante de recursos humanos nos Serviços Farmacêuticos (farmacêuticos e técnicos) do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), que foi agravado com a passagem recente dos horários para as 35 horas”.

“Por este motivo, desde 2017 que o CHUSJ tem vindo a reclamar, sem sucesso, a contratação de recursos adicionais”, sublinha.

Na nota de imprensa, a administração do hospital afirma que “estão em preparação medidas de recurso que garantam a continuidade de tratamentos, o fornecimento imediato e tempestivo de fármacos e que envolvem a preparação e a constituição de armazéns avançados nos serviços clínicos e a preparação dos profissionais para esta contingência”.

Esclarece que “em julho de 2018 verificou-se uma desconformidade no fornecimento de um fármaco a um doente, da qual não resultaram sequelas permanentes para o doente devido à pronta intervenção dos profissionais logo que a situação foi detetada”.

“Na sequência do incidente foram tomadas medidas corretivas de que resultaram: a modificação das pausas e períodos de descanso na unidade de farmácia de ambulatório e a implementação de dois polos, em vez de um, da farmácia de ambulatório, concentrando num deles o doente oncológico, de forma a reduzir o stress e sobrecarga profissional e a verticalizar competências”, acrescenta.

Na denúncia, feita pela Ordem dos Farmacêuticos e comunicada por carta à ministra da Saúde, a bastonária alerta que a segurança dos doentes está em causa em muitos hospitais públicos, avisando para a dificuldade de garantir a segurança no circuito do medicamento 24 horas por dia.

Segundo a carta, a que a agência Lusa teve acesso, o São João era um dos dois hospitais que dava até agora apoio noturno a grande parte da zona norte, como Matosinhos e Gaia, que já tinham fechado os serviços de prevenção por incapacidade.

Agora, pela mesma incapacidade e falta de recursos humanos, também o São João vai ter de encerrar o serviço farmacêutico de prevenção entre as 20:00 e as 08:00, segundo explicou à Lusa a bastonária.

A ministra da Saúde disse hoje, em Coimbra, que as suas equipas estão a trabalhar para ultrapassar a questão da falta de recursos humanos nas farmácias hospitalares.

“A preocupação da senhora bastonária da Ordem dos Farmacêuticos mereceu-me a mesma preocupação, com a circunstância adicional de que à ministra da Saúde cabe-lhe ultrapassar os problemas”, disse Marta Temido.

A governante, que falava aos jornalistas à margem do encontro “Liderança e Governação Clínica – Um compromisso com o SNS”, adiantou que é nisso que as suas equipas estão a trabalhar neste momento, prometendo mais desenvolvimentos durante o dia.

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