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Hospital Egas Moniz vai corrigir casos de médicos em formação a trabalhar sem tutela

A Ordem dos Médicos acordou com o Hospital Egas Moniz a correção de casos em que profissionais em formação trabalham sem a tutela de um especialista, mas poderá realizar uma auditoria se a situação continuar, afirmou hoje o bastonário.

“Chegamos a um acordo no sentido de que a situação seja corrigida rapidamente”, disse Miguel Guimarães, explicando que a visita que hoje fez ao hospital, em Lisboa, “pretende resolver de forma pacífica e célere esta situação e não [avançar com] uma auditoria”.

Uma auditoria “é o que acontecerá a seguir, se eventualmente a situação não for resolvida até outubro”, salientou o bastonário da Ordem dos Médicos.

Miguel Guimarães falava aos jornalistas no final de uma visita ao Hospital Egas Moniz, integrado no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, e de uma conversa com os médicos internos, a administração do hospital, nomeadamente a presidente, o diretor clínico e o diretor do internato médico.

A deslocação do bastonário a esta unidade de saúde acontece no seguimento de denúncias de irregularidades no cumprimento dos programas de formação, em algumas especialidades, nomeadamente na reumatologia, endocrinologia e pneumologia.

“Os nossos médicos são desejados em todo o mundo devido à elevada qualidade da formação e a Ordem reage sempre que recebe um alerta de que os programas de formação não estão a ser cumpridos da forma que têm obrigatoriamente de ser e que alguns destes internos, em determinadas circunstâncias, fazem urgência sem tutela de um especialista. Isto para a Ordem dos Médicos é totalmente inaceitável”, realçou o bastonário.

“Temos de respeitar os doentes e oferecer qualidade na especialidade que precisam e os médicos em formação estão a aprender, têm [de ter] a tutela de um especialista”, salientou Miguel Guimarães.

O responsável insistiu que “as pessoas que estão a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde [SNS] estão perfeitamente no limite, já ultrapassarem o limite, estão a fazer consultas umas atrás das outras, estão a acelerar os procedimentos, seja no bloco operatório, seja no internamento ou na consulta, e não é possível conseguir dar a mesma resposta com os atuais recursos humanos”.

Questionado pelos jornalistas acerca do concurso para a entrada de médicos recém-especialistas no SNS, que ficou com 117 das 1.234 vagas por preencher, o bastonário disse que o objetivo definido era abrir mais vagas que aquelas que correspondiam ao número de médicos que tinham acabado a especialidade para captar médicos de fora do SNS, o que “não foi conseguido”, mas o processo é “bem vindo”.

“O que queremos é reforçar a capacidade do SNS sobretudo numa altura em que está muito frágil”, defendeu.

A Ordem dos Médicos, resumiu, vê o resultado do concurso com “preocupação e um sinal de alerta para o Governo que tem de ser mais concorrencial, seja com o setor privado seja com os outros países”, criando condições para atrair os jovens médicos a ficar no SNS, não só em remunerações, mas em dias de férias, projetos e possibilidade de formação contínua patrocinada pelo Estado.

“É fundamental que haja reforço do capital humano, as pessoas estão a entrar em exaustão, as pessoas estão deprimidas e os profissionais começam a estar desmotivados”, alertou Miguel Guimarães.

O jornal Público noticia hoje que às 1.234 vagas postas a concurso, concorreram 1.117 médicos, ficando por preencher 117 vagas.

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