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Barreto diz que PSD e PS sem entendimento são “hooligans” e o país “não aguenta”

antonio barreto 210antonio barretoAntónio Barreto acusa PSD e PS de serem “criminosos” caso não assumam as responsabilidades pelo futuro do país. “São ‘hooligans’”, adianta o sociólogo, argumentando que ambos dão “sinais” de que “não são capazes nem querem” assumir essas responsabilidades.

Numa longa entrevista à Renascença e ao Jornal de Negócios, no âmbito dos “três anos de troika”, o sociólogo António Barreto aponta que o futuro político depende apenas da forma como dois partidos assumirem as responsabilidades. Ou o PSD e o PS encontram “soluções duráveis e sustentáveis” para o pós-troika ou serão “criminosos, ‘hooligans’ da política”.

“Os dois grandes partidos têm hoje uma responsabilidade que, se não a assumirem, são verdadeiros criminosos. São ‘hooligans’. Se o PS e o PSD hoje não se prepararem para encontrar soluções duráveis e sustentáveis para os próximos cinco ou dez anos são verdadeiros ‘hooligans’ da política, que só estão interessados em ganhar as eleições europeias ou do ano que vem”, argumentou António Barreto.

O problema, acrescentou o presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, é que “a maior parte dos sinais que eles dão é que não são capazes nem querem” assumir essas responsabilidades. Na maior parte do tempo, continuou, os partidos perdem tempo com “uma verdadeira coreografia de aparências”, como aconteceu com o apelo ao consenso do Presidente durante a  crise política do verão de 2013.

“Devia ter sido o PS a fazer as propostas, não era a aceitar”, acusou ainda o sociólogo: “era ao PS que competia dizer ao Governo ‘nós estamos prontos, estamos prontos para rever a Constituição se for preciso, para fazer um programa conjunto do QREN, para começar a fazer uma experiência com os orçamentos e para preparar a reforma do Estado e estamos disponíveis para criar as estruturas necessárias de debate, de discussão, de estudo para que nos próximos cinco anos possamos fazer isso, independentemente de qualquer calendário eleitoral”.

Sobre o Governo, António Barreto criticou a reforma do Estado, na qual “está tudo por fazer”. “Quando um ministro disser que a reforma do Estado começou nestes três anos riam, porque é tudo mentira”, comentou.

“Ir às freguesias era fácil e fica bem no currículo do ministro e fica bem no currículo para entregar à troika, mas o osso duro de roer são os municípios e depois a decisão sobre regiões ou não regiões e depois a decisão sobre quais os serviços do Estado que se mantêm na periferia e quais os que desaparecem”, argumentou o sociólogo.

Se o país está melhor, como afirmou o presidente da bancada parlamentar do PSD, tal não acontece em todos os campos, salientou António Barreto. “Não estamos afogados, à beira do drama, da tragédia como estávamos há três anos”, mas ainda não estamos a salvo.

“Se não for mudado o rumo, se não for mudado o método nos próximos anos, os portugueses não aguentam. Sobretudo os mais pobres, os mendigos, os desempregados, os mais velhos, aí o país não aguenta. O que é que isso significará, não sei, nunca se sabe. Podem fugir, emigrar, ficar doentes, revoltar-se, provocar motins, perturbar a ordem pública… Não sei”, complementou o sociólogo.

Como exemplo para essa mudança de rumo, o presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos apontou a revisão da Constituição, a qual “é muito generosa em direitos e parca em deveres”. Torna-se necessário, acrescentou, “anular todas as cláusulas que dizem como o Governo deve fazer” para simplificar a atividade legislativa.

Há ainda muitas áreas onde atuar, como a saúde, onde defende o fim da acumulação entre medicina pública e privada, e a justiça. Sobre a proposta do PS para criar um regime especial para grandes investidores, António Barreto afirmou que “não se pode criar dois sistemas de justiça num país”.

No plano da educação, o sociólogo criticou os cheques ensino: “quem quer fazer educação privada que a pague. O Estado gasta milhões e milhões nisso, nas escolas privadas, e acho que não o deve fazer”.

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