O diretor do Observado, Miguel Pinheiro, lamentou a falta de transparência dos políticos em Portugal e a pouca exigência dos eleitores. “Muito em breve os homens bons, como José Sócrates, deixarão de estar dispostos a sacrificar as suas confortáveis vidas para servir o bem comum de forma abnegada”, ironizou.
Num artigo de opinião, o diretor do Observador recuperou o caso Centeno e abordou de relance a Operação Lex para contestar a forma como “a classe política” tem reagido aos escândalos mais recentes.
“Um português desprevenido que, por estes dias, cometa a terrível imprudência de ligar uma televisão e ouvir os comentadores respeitáveis (…) é imediatamente fulminado com uma verdade que não admite contestação”, realçou.
Em tom irónico, relatou a “angustiante conclusão” tomada pela classe política portuguesa, “sitiada por hordas populistas”.
“Se continuarmos neste perigoso caminho, muito em breve os homens bons, como José Sócrates, deixarão de estar dispostos a sacrificar as suas confortáveis vidas para servir o bem comum de forma abnegada”.
Para reforçar a ideia geral do texto, Miguel Pinheiro citou exemplos políticas de democracias como a Suécia, que não atribui carros de serviço nem despesas de deslocação aos deputados, e Reino Unido, onde um governante se demitiu por ter chegado atrasado a uma sessão no Parlamento, onde iria prestar declarações.
“Em Portugal, pelo contrário, o atual ministro da Educação tinha, há um ano, 1357 perguntas e requerimentos por responder aos deputados e não parecia especialmente angustiado por isso”, lembrou.
Para o diretor do jornal, em Portugal quase não se escrutina a classe política.
“Somos pouco exigentes e temos poucas regras de transparência”, concluiu.
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