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Homenagem a Bolsonaro no Museu de História Natural de Nova Iorque provoca coro de críticas

Uma gala programada para 14 de maio no Museu de História Natural de Nova Iorque, que tem como objetivo homenagear o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, desencadeou críticas de organizações culturais, organizações não-governamentais e até do mayor da cidade.

O evento, organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, pretende nomear Jair Bolsonaro como uma das “pessoas do ano”, destacando o trabalho no fortalecimento das relações entre os dois países.

Os críticos têm apontado a ironia de a figura de Bolsonaro ser celebrada no Museu de História Natural de Nova Iorque, sob a enorme figura de uma baleia azul que decora um espaço dedicado à vida marinha, quando uma das primeiras medidas que levou, quando assumiu o cargo de Presidente, foi pôr em risco a proteção da Amazónia.

Poucas horas depois de assumir o cargo, em 01 de janeiro, o Presidente brasileiro decidiu transferir a demarcação de terras indígenas no Brasil a ser feita pelo Ministério da Agricultura e retirou esta responsabilidade à Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

O Brasil conta atualmente com cerca de 460 reservas indígenas que ocupam uma área equivalente a 12,2 por cento do território nacional, na sua maioria na Amazónia, destinadas aos cerca de 900 mil índios do país.

Uma das primeiras pessoas a criticar o evento marcado para o dia 14 de maio foi o mayor de Nova Iorque, Bill de Blasio, que disse, na sexta-feira, durante um programa na emissora de rádio WNYC, que Bolsonaro é “um ser humano muito perigoso” e apelou ao Museu de História Natural que cancele a gala.

“(Bolsonaro) é perigoso não apenas por causa do seu óbvio racismo e homofobia, mas porque, infelizmente, é a pessoa com maior poder para decidir o que acontece na Amazónia no futuro”, disse De Blasio.

De acordo com o portal especializado artnet News, o Museu de História Natural de Nova Iorque quis distanciar-se do evento e destacou que se limita a alugar o espaço e que este já estava reservado antes de se saber quem seria homenageado.

“Estamos profundamente preocupados e o evento não reflete de forma alguma a posição do Museu de que há uma necessidade urgente de conservar a floresta amazónica, que tem profundas consequências para a biodiversidade das comunidades indígenas, a mudança climática e a saúde do nosso planeta” apontou a instituição em comunicado.

Organizações da sociedade civil como “Decolonizing This Place” sublinharam nas redes sociais que “não só vão protestar”, mas vão forçar o encerramento do museu no caso da gala for realizada.

A organização de defesa dos direitos humanos WITNESS, sediada em NovaIorque, disse ao jornal local Gothamist que “o facto de o Museu de História Natural de Nova Iorque ter aceitado um evento sobre algo que é tão contrário aos seus valores próprios deve embaraçá-los”.

O evento é realizado anualmente desde 1970 com o objectivo de realçar o trabalho de duas pessoas (uma brasileira e outra norte-americana) “na construção de relacionamentos” entre os EUA e o Brasil.

No ano passado, a gala prestou homenagem ao ex-mayor de Nova Iorque Michael Bloomberg e ao Juiz brasileiro Sérgio Fernando Moro.

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