Cultura

‘Hierarquia das Nuvens’ no Centro Cultural Vila Flor

hierarquia nuvensA ‘Hierarquia das Nuvens’ reflete um espaço habitado, negociado por sete corpos, visto não apenas como território, mas sobretudo como um lugar imaginário, que os atrai, quebrando fronteiras e limites. Um espaço que, segundo o coreógrafo Rui Horta, só faz sentido se for habitado por esses corpos e escarificado pelo seu movimento. Uma gestualidade que abre a porta de um espaço transformado em lugar pela linguagem coreográfica. Para ver no Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor, neste sábado, 18 de outubro, às 22h00.

Rui Horta traz a Guimarães a sua mais recente criação a que chamou ‘Hierarquia das Nuvens’. Porque queremos estar sempre em outro lugar? Que vontade insana é esta de querer estar sempre em outro lugar, em perpétuo deslocamento da realidade?

Que vertigem é esta que nos aflige? Porque ansiamos sempre sobrepor ‘o outro’ ao ‘outro lugar’? Porquê esta necessidade de viajar acompanhado, como se o corpo do outro segregasse o espaço e o materializasse?

Como se a salvação da alma fosse um outro lugar mais além e um outro corpo materializado simbolicamente com esse espaço. Um útero polimórfico, um local de descoberta, simultaneamente espaço de crescimento e de consolo.

“Entrar noutro lugar é aceitar a descoberta, e com esta o erro e o desequilíbrio da dúvida. Partir é entrar num quadro de aventura onde todos os perigos espreitam, e lá ficar por muito tempo, talvez para sempre. E o mais perto que estaremos da perfeição é aceitar que tudo poderemos perder menos o sonho de partir. Quando nos damos tempo diante de uma paisagem imaginada, arriscamo-nos a que esta se concretize”, refere o coreógrafo.

Em ‘Hierarquia das Nuvens’ Rui Horta debate-se com a angústia de vivermos “sempre planeando um qualquer futuro bem mais panorâmico do que o lugar onde estamos”.

“Entre o partir e o ficar, há uma poética que ilumina os nossos lados mais obscuros, a chave é o corpo, e o código que quebra os territórios do medo é movimento desse mesmo corpo penetrando no espaço. De facto não existe espaço sem corpo. É o corpo que lhe define os eixos e os planos, a profundidade e a elevação, o dentro e o fora. É o corpo que lhe confere uma nomenclatura e uma identidade. Pelo corpo, como um farol que ilumina no escuro, aventurar-nos-emos nos espaços mais desconhecidos. Há coisas tão profundas ou tão profanas que não podem ser ditas por palavras e apenas são decifradas pelo corpo. A experiência torna-se o mais importante”, explica Rui Horta.

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