Terapêutica de heroína assistida pode produzir efeitos em toxicodependentes que não foram curados através de metadona ou buprenorfina, revela o OEDT – Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. Este método, polémico, abre horizontes a heroinómanos considerados incuráveis.
Segundo a OEDT, uma terapia que recorre a heroína medicinal poderá produzir efeitos em toxicodependentes que não foram curados através da metadona e da buprenorfina. O tratamento, de segunda linha, usa a heroína como droga de substituição, de forma vigiada, nos casos em que a dependência de opáceos não foi curada por via daquelas duas drogas.
Esta terapêutica é destinada a um grupo restrito de consumidores de heroína, que o fazem de forma crónica e que, até agora, estavam colocados na lista de dependentes de cura impossível. No entanto, o uso da heroína medicinal abre portas para o fim da dependência.
O OEDT divulgou hoje o relatório que aponta este caminho para a cura ‘impossível’, intitulado ‘Novo tratamento assistido com heroína’, que apresenta dados recolhidos após investigações feitas com toxicodependentes de opiáceos. Os dados são animadores e estamos perante um avanço clínico que abre horizontes.
O tratamento com recurso a heroína de forma vigiada, nas dependências que resistiram à metadona e à buprenorfina, de acordo com Wolfgang Götz, do OEDT, “pode suscitar polémica e confusão”.
No entanto, sublinha, este relatório “surge com a finalidade de informar” e não como “aconselhar terapias”. Wolfgang Gözt sublinha também que o OEDT “orgulha-se dos estudos que têm sido feitos sobre o tema”.
Alguns países europeus já permitem a administração de heroína de forma assistida, no tratamento de toxicodependentes incapazes de superar esse problema com outras drogas de substituição (Alemanha, Reino Unido, Dinamarca, Holanda e Suíça). Outros países estão a avançar no sentido de permitir testes à terapêutica (Espanha e Canadá).
O observatório da União Europeia sobre drogas considera que “há melhorias substanciais” nos dependentes que são submetidos a injeções de heroína medicamente assistidas, com “diminuição do consumo” e, por via indireta, “afastamento de atividades criminosas” provocadas pela necessidade de dinheiro para comprar droga.
Também no que diz respeito à inserção social se verificam resultados positivos. “Não se trata de oferecer heroína a toxicodependentes, mas de estabelecer um regime de tratamento regulamentado, apenas num grupo de doentes cujo tratamento é particularmente difícil”, salienta Wolfgang Gözt.
Apesar destas certezas, prosseguem estudos que têm como objetivo determinar quais os resultados a longo prazo. Por outro lado, o OEDT pretende saber se existe risco de facilitar o acesso à heroína a pessoas que não dependam desta droga.