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Há veados na Serra da Lousã, mais de cem anos após a extinção

A Universidade de Aveiro (UA) revelou que a população de veados, extinta na Serra da Lousã há mais de cem anos, aumentou de cerca de 100, nos anos 90, para mais de 3000 animais.

Carlos Fonseca, coordenador da Unidade da Vida Selvagem da UA, explicou à agência Lusa que, “a nível nacional e internacional, é um dos projetos de repopulação de sucesso” e que “qualquer dia até se podem encontrar veados na Serra da Estrela”.

De acordo com os dados dos investigadores, há hoje mais de 3000 animais em estado selvagem, distribuídos por uma área com 90 mil hectares, delimitada pelo rio Mondego a norte e pelo Zêzere a sul.

Os veados estão a expandir-se para nordeste através da cordilheira central, numa zona em que a despovoação humana permite à espécie crescer sem os conflitos que ocorrem em zonas mais povoadas.

Esses conflitos entre os humanos e um animal de grande porte, que pode atingir 180 quilos e dois metros de altura (com as hastes), “é uma realidade a que não se pode fugir”, como admitiu Carlos Fonseca.

Com a reintrodução da espécie, os veados foram-se aproximando-se das casas, em busca de alimentos nas hortas e explorações agrícolas.

Em 2007, a “caça sustentada” foi autorizada, como forma de controlo da população de veados, com o Estado e a Direção Geral de Florestas a definirem quotas de abate para cada região.

Desde então que os veados vermelhos (Cervus Elaphus) da Lousã estão entre os troféus mais valorizados pelos caçadores, acrescentou o responsável da UA.

O programa de repovoação na Lousã, onde esta espécie estava extinta desde finais do século XIX, começou em 1995, com cerca de cem animais.

Até 2004, os veados foram reinseridos em vários concelhos da região da serra, oriundos da Zona de Caça Nacional da Contenta e da Tapada de Vila Viçosa.

A par da caça, os veados são o centro de atividades turísticas na Serra da Lousã, com pessoas que ali se deslocam para observar os animais em estado selvagem, algo que Carlos Fonseca afirma que precisa de um “código de conduta”.

Tal código visaria impedir que a observação de animais choque com outras atividades, como a caça ou a monitorização científica, e dar mais condições de segurança aos visitantes, frente a frente com animais que podem ser imprevisíveis, sobretudo na altura da reprodução.

Carlos Fonseca salientou que foi importante “devolver à serra este elemento de biodiversidade” depois de os veados terem sido caçados até à extinção, mas apontou que devia haver uma “estratégia nacional” para aproveitar melhor o sucesso da sua reintrodução.

A monitorização científica continuada da população, a gestão de conflitos com os humanos e a articulação da caça ao veado com a caça a outras espécies que coabitam na serra são outras áreas em que Carlos Fonseca e a equipa da UA defende que podem ser melhoradas.

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