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“Há um mito de não se fazer provas em agosto” frisa Joaquim Teixeira

Joaquim Teixeira admite que a pandemia de coronvírus trouxe uma grande perturbação no automobilismo, mas diz que também teve a vantagem de terminar com o “mito de não se fazer provas em agosto”.

O Presidente da APPAM (Associação Portuguesa de Pilotos de Montanha) é, como sempre muito direto, e foi-o uma vez mais numa entrevista à Golo FM e à V Motores, da qual extraímos declarações mais prementes sobre a atual paragem das competições.

Foto: FOTO GTi

Joaquim Teixeira é muito claro relativamente a esta inatividade do automobilismo nacional: “A FPAK fez aquilo a que estava obrigada a fazer. Tinha que suspender o campeonato. Não suspendeu provas, suspendeu o campeonato. E há uma diferença muito grande. E não tinha outra alternativa, com a pandemia que atingiu Portugal e o mundo inteiro e todos os campeonatos, fossem eles Mundial de Turismos, F1 ou Mundial de Ralis, tiveram que parar”

“A FPAK atuou bem e na hora certa. A posição que tomou foi sempre ouvindo os parceiros, neste caso os clubes e os pilotos através da sua associação. Por isso acho que esteve bem”, acentua.
Sobre a possibilidade de se prolongarem os campeonatos até 2021, Joaquim Teixeira diz: “Aquilo que sei é que janeiro de 2021 será para as provas extra-campeonato. Porque como vamos ter menos meses, não há a possibilidade de encaixar todas as provas. A primeira prioridade vai ser realizar as provas FIA e a segunda provas que também sejam internacionais e depois provas de campeonato português”.

“Se for assim acho correto, como. Já ouvi dizer que a FPAK já pediu aos clubes para indicarem datas. E aqui acho que, como se diz em Trás-os-Montes, é que está a por o ‘carro à frente dos bois’. Se eu fosse um clube como é que podia indicar uma data se não sei em que mês vai retomar a atividade?”

“Primeiro a FPAK tem de saber o mês em que vamos retomar a atividade e então aí perguntar as datas para os clubes indicarem. Caso o campeonato se reinicie em junho então indicar uma data a partir daí”, refere o piloto transmontano.

Correndo o risco de ser polémico, como já o foi noutras situações, Joaquim Teixeira diz que houve um aspeto positivo nesta pandemia para o automobilismo, e explica porquê: “Há um mito, não apenas na Montanha mas em todas as outras as disciplinas deste desporto de que em agosto não se pode fazer provas, porque ninguém queria fazer fora dos meses habituais. E tínhamos quatro ou cinco meses em que tínhamos de realizar os campeonatos todos, e depois tínhamos uma prova no mesmo fim de semana na montanha, de ralicross, ou de todo-o-terreno. E isto é inadmissível”.

E o presidente da APPAM sublinha: “Se calhar este ano só vamos retomar os campeonatos em julho, na melhor das hipóteses. E depois se calhar vamos ter de fazer provas em agosto, em setembro, em novembro e em dezembro. E possivelmente vamos ter de correr naqueles que muita gente dizia que eram os meses maus devido ao calor ou ao mau tempo, ainda que o clima não seja o mesmo de há uns anos atrás”.

“Aí iremos dizer para o ano, se conseguimos realizar provas em agosto, em novembro e dezembro, se calhar este ano também podemos. E possivelmente teríamos um campeonato a começar em fevereiro e a terminar em novembro, e se calhar vamos começar a esticar o calendário. Pois quanto mais fins de semana tivermos menos provas vão coincidir”, frisa Joaquim Teixeira.

O piloto transmontano refere também: “Também me ponho no papel da FPAK, que fica perante clubes que só querem realizar a sua prova naquele determinado mês. Isto é que tem de acabar. A FPAK devia estabelecer um campeonato e dizer, começa em fevereiro e termina em novembro, e diz entendam-se. Caso isso não sucedesse seria a FPAK a marcar em função das classificações atribuídas a cada prova no ano anterior. E quem se sentir prejudicado tem de ‘dar corda aos sapatos e organizar a sua prova para ser das melhores”.

“Se o campeonato de montanha retomar em julho até dezembro as sete provas que faltam realizam-se, quase que podemos fazer só uma por mês. O problema é que esta pandemia colocou em causa a competitividade que este campeonato começava a ter, e que tenho algumas dúvidas que se vá manter”, salienta Joaquim Teixeira.

E o piloto sediado em Murça lembra: “As autarquias vão estar com dificuldades devido ao dinheiro gasto com a pandemia. Da forma como a economia está parada não vai ser fácil manter os projetos a nível de apoios. Tenho receio que metade dos projetos não vá ter ‘pés para andar’”.

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