Intransigente, o ministro Paulo Portas, presidente do CDS-PP, fez uma declaração ao país, onde manifestou uma divergência de fundo com o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho: a questão da taxa extraordinária que recai sobre os pensionistas. O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros mostrou cisões insuperáveis e fez saber que não abdica da sua posição. Passos terá de ceder, em nome da coligação.
Paulo Portas falou ontem ao país, numa conferência de imprensa a partir da sede do CDS-PP, em Lisboa, e não fez mais do que ‘oficializar’ as divergências entre o CDS e o PSD, no seio do Governo. Ou dos Governos.
“Num país onde parte da pobreza está nos mais velhos, numa sociedade em que inúmeros avós têm de ajudar os filhos que estão no desemprego, num sistema social que tem de respeitar regras de confiança, o primeiro-ministro sabe que esta é a fronteira que não posso deixar passar”, afirmou Paulo Portas.
A mensagem de Portas deixa transparecer uma coligação a duas vozes, separadas por questões de fundo, na sobretaxa que recai sobre os pensionistas. Para Paulo Portas, os pensionistas não podem estar sujeitos a austeridade adicional, uma vez que são o garante da sustentabilidade financeira de muitas famílias em grandes dificuldades.
A taxa extraordinária sobre os pensionistas foi uma das medidas que Pedro Passos Coelho tornou públicas na sexta-feira, como parte do Orçamento Retificativo que o Governo vai apresentar.