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São médicos, olham a homossexualidade como doença e incentivam à cura

Gay Pride Para alguns médicos, a homossexualidade é uma doença, de acordo com um estudo da ILGA, que denuncia discriminação. Há lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros que são incentivados a procurar a ‘cura’. A pesquisa chamada ‘Saúde em Igualdade – Pelo acesso a cuidados de saúde adequados e competentes para pessoas lésbicas, gays, bissexuais e trans’, daquela entidade, dá conta de uma percentagem elevada de inquiridos que se dizem vítimas de atos discriminatórios.

Os cuidados de saúde prestados por médicos a homossexuais foi a base do estudo da Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero (ILGA), que inquiriu 600 pessoas, entre os meses de junho e novembro do ano passado.

Dezassete por cento dos inquiridos diz-se vítima de “discriminação ou tratamento desadequado” em contexto de saúde, uma percentagem que poderia ser mais elevada se alguns homossexuais não escondessem a sua orientação.

Segundo essa pesquisa, chamada ‘Saúde em Igualdade – Pelo acesso a cuidados de saúde adequados e competentes para pessoas lésbicas, gays, bissexuais e trans”, ainda há médicos que tratam os homossexuais como doentes (pela sua orientação sexual), ou que, segundo a ILGA, os discriminam. Alguns entendem que essa orientação tem cura.

“Os episódios de discriminação aconteceram em maior número nas áreas de medicina geral e familiar e ginecologia – e 87 por cento das situações envolveu a participação de um/a profissional de saúde”, realça o estudo da ILGA, citado pelo Público.

Dos 600 inquiridos, 249 estão a ser seguidos por médicos da área da saúde mental. E 27 dessas 249 revelaram que os médicos sugeriram a “cura da doença”.

A ILGA manifesta-se surpreendida com estes dados, que contrastam com uma realidade: em meados dos anos 80, Organização Mundial de Saúde deixou de considerar a homossexualidade uma doença.

Nuno Pinto, coordenador da pesquisa, revela à Lusa que as conclusões do estudo são “particularmente graves”, até porque há indícios de que se verifiquem percentagens superiores de homossexuais que sejam olhados como doentes.

“Houve pessoas que não estariam a ser acompanhadas nos serviços de saúde mental e que disseram que isto lhes foi sugerido por outros profissionais, noutras áreas. Nomeadamente uma participante que disse que a sua ginecologista lhe sugeriu tratamento”, realça Nuno Pinto à agência Lusa.

De acordo com aquele responsável da ILGA, alguns profissionais de saúde deveriam receber ações de formação. Esta organização tornou públicos relatos de homossexuais que receberam de enfermeiras uma sugestão de tratamento.

São episódios de “discriminação” de profissionais de saúde que também se estendem em casos de, por exemplo, doação de sangue por parte de homossexuais.

Este é um problema que trespassa fronteiras. Recentemente, Fernando Aguilar, arcebispo de Pamplona e cardeal espanhol, teceu comentários polémicos acerca da comunidade gay.

“A homossexualidade é uma forma deficiente de exprimir a sexualidade”, diz em entrevista ao jornal Sur.

Aguilar compara mesmo a homossexualidade a outras doenças: “Eu tenho hipertensão e tento resolver esse problema como me é possível. Dizer a um homossexual que há ajuda para os seus problemas não é uma ofensa. Há tratamentos”, acrescenta.

Como seria de esperar, as declarações do futuro cardeal espanhol originaram já uma onda de indignação por parte de algumas organizações: “A homofobia trata-se, a homossexualidade não”, escreve a associação espanhola Colegas numa nota.

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