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Há excesso de “Jotinhas” no poder, diz Henrique Neto no Clube dos Pensadores

henrique neto cdphenrique neto cdp 600 1 O Clube dos Pensadores recebeu, a convite de Joaquim Jorge, Henrique Neto, empresário, ex-deputado e um pensador livre e esclarecido. Sala cheia e com muito interesse.

Após a apresentação do convidado, Henrique Neto discorreu sobre a política portuguesa atual, fazendo um diagnóstico das causas do país ter chegado à situação em que se encontra.

Afirmou que a atual crise em Portugal e na Europa é de índole política, em que as democracias europeias de modo geral perderam qualidade e carecem de lideranças.

A classe política em Portugal não está ao nível dos problemas que deve enfrentar. O mal radica em parte no excessivo peso dos “Jotinhas” que atingiram o poder, sem experiência alguma.

O poder do mundo da finança que capturou o poder político é outro dos males detetado pelo convidado. Este mal é transversal no mundo.

A Europa deixou de funcionar democraticamente após o Tratado de Lisboa, onde um diretório de países poderosos domina e sufoca os demais países.

Henrique Neto afirmou que acreditava que a entrada na União Europeia (UE) de uma pequena economia como a portuguesa poderia beneficiar da inserção num mercado muito vasto, mas desde cedo alertou para os seus perigos e a necessidade de o país se preparar para esse desafio. Não deveria celebrar, mas pensar no que fazer, sem entrar em triunfalismos. Tinha razão, antes do tempo.

O convidado do Clube dos Pensadores abordou as causas específicas da ‘derrocada’ de Portugal. O facto de ter abandonado a sua vocação euro-atlântica, à época de Cavaco Silva com a política do bom aluno europeu, ditou o descalabro.

Desde logo a aceitação pacífica da “ditadura burocrática” de Bruxelas para enveredar pelo abandono da indústria de bens transacionáveis e fazer o abate da frota pesqueira, abandono da agricultura e o excessivo apoio financeiro a grandes grupos nacionais ligados à economia de bens não transacionáveis, como a finança, energia, telecomunicações, entre outros, fizeram o resto.

Mas outros fatores foram prejudiciais para Portugal, como o alargamento brusco da UE a leste e a entrada da China o comércio mundial, praticamente sem regras impuseram enormes prejuízos a Portugal e os governos não souberam acautelar devidamente estes dois factos.

As cedências no domínio agrícola e a desindustrialização são exemplos do canto de sereia que o “bom aluno” europeu aceitou, para gáudio dos interesses alemães. Portugal tem mantido o modelo de desenvolvimento da EFTA, alicerçado nos baixos salários, que este governo tem insistido com maior satisfação e empenho.

Os resultados da insistência na desvalorização do fator trabalho estão à vista de todos, menos do atual Governo.

O privilégio dado aos grupos económicos de bens não transacionáveis é suicidário, alavancado pela proteção aos mesmos, alimentados por créditos fartos e fáceis desde os primórdios da nossa entrada na UE e vivendo de rendas excessivas, como de resto até a troika detetou, ditam os resultados que se conhecem.

Estes desmandos não são pagos por quem os pratica, mas por todos nós através dos impostos, cada vez maiores e insuportáveis.

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