O estudo sobre as células embrionárias polipotentes é antigo, mas vale a John Gurdon e a Shinya Yanamaka o Prémio Nobel da Medicina. Citados pela rádio, o investigador britânico admitiu ter ficado “admirado” e “surpreendido”, enquanto o japonês prometeu continuar a investigar.
John Gurdon, biólogo britânico, e Shinya Yanamaka, médico japonês, já comentaram o anúncio oficial da Academia sueca que os distinguiu, hoje, com o Prémio Nobel da Medicina 2012. Na base da decisão esteve a “descoberta de que as células maduras podem ser reprogramadas para se tornarem pluripotentes”, como explicou o Comité Nobel, em comunicado. Estas células maduras e especializadas podem ser reprogramadas para se tornarem células estaminais, capazes de formarem qualquer tecido do corpo, o que levou o Instituto Karolinska a distinguir os dois cientistas.
“Estou admirado e imensamente agradecido e surpreendido por terem reconhecido um trabalho realizado há tanto tempo”, confessou Gurdon, quando contatado pela rádio pública sueca. O biólogo acrescentou estar “extremamente grato por ter sido reconhecido juntamente com Shinya Yamanaka, que tem feito um trabalho maravilhoso”.
O médico japonês também admitiu estar surpreendido por receber o prémio, mas os principais comentários surgiram durante uma conferência de imprensa na Universidade de Quioto: “a única palavra que me ocorre é gratidão . Continuarei a investigar para poder contribuir realmente para a sociedade e a medicina o mais cedo possível”.
“É um dever”, sublinhou Yamanaka, que durante a conferência atendeu a chamada telefónica de Yoshihiko Noda, o primeiro-ministro japonês, a quem agradeceu “o apoio de todo o Japão”.
Segundo o comunicado do Comité Nobel, o conjunto de descobertas feito pelos dois cientistas “revolucionou a nossa compreensão de como as células e os organismos se desenvolvem”. John B. Gurdon, nascido em 1933, descobriu que a especialização das células é reversível no ano de 1962, o mesmo em que nasceu Shinya Yamanaka. Em 2006, Yamanaka desenvolveu as chamadas células estaminais pluripotentes induzidas com caraterísticas que, até então, os cientistas pensavam só existir nas células estaminais embrionárias.